Opinião

Ataques e ausências

O PSD, através do governo de Passos Coelho, cuja representante para os Açores é Berta Cabral, deu início a mais um feroz ataque aos Açores, aos açorianos e à autonomia das regiões. Segundo o tornado público, através dos órgãos de comunicação social será já a partir da próxima semana que será dada a machadada final na RTP Açores, reduzindo a emissão daquela estação televisiva para um mísero horário se seis horas diárias no período das 17h30 às 23h30. Como já diversas vezes foi afirmado por analistas dos mais diversos quadrantes políticos, a RTP/A foi, e é, um imprescindível elo de ligação entre todos os açorianos, quer sejam residentes na Região quer se encontrem emigrados na diáspora. Atrevo-me a afirmar que, sem aquela estação televisiva, seríamos mais micaelenses, graciosenses, terceirenses ou do que de qualquer outra ilha e menos açorianos irmanados num sentimento coletivo que o mar une de Santa Maria ao Corvo. Face a mais este ataque dos centralistas de Lisboa, acompanhado por silêncios comprometedores dos acólitos locais, o Governo dos Açores irá recorrer à Justiça para que Passos Coelho seja impedido de levar a cabo a destruição de um importante instrumento da nossa autonomia, ou seja da nossa televisão. Perante essa situação, o que faz Berta Cabral? Qual a real influência da líder regional do PSD junto dos companheiros de Lisboa? Pelos vistos, é nenhuma! A investida que se segue, refere-se à extinção do Tribunal do Nordeste e, já se avisa que o da Povoação seguirá pelo mesmo caminho. Quanto ao de Vila Franca, segundo anúncio de última hora, passará a albergar o DIAP, contrariando as abalizadas vozes das instâncias judiciais envolvidas e da própria Polícia de Segurança Pública! E o que faz Berta Cabral perante o encerramento de estruturas e serviços de proximidade imprescindíveis à vida dos cidadãos daqueles concelhos? Será que a alta influência da candidata do PSD não consegue demover a Ministra Paula Teixeira da Cruz e evitar mais essa ação tão lesiva aos Açores e aos açorianos? Pelos vistos, a líder regional laranja não consegue exercer qualquer magistratura de influência junto dos seus pares do Terreiro do Paço! Ainda no âmbito do ataque à Autonomia, o governo do PSD de Berta Cabral e Passos Coelho, teve a desfaçatez de legislar acerca de matérias que são da competência exclusiva das regiões, ou seja, sobre a criação e/ou extinção de autarquias locais dos Açores e da Madeira, criando regras que, para além de não serem adaptadas à nossa realidade, apenas competem aos eleitos pelo povo açoriano decidir em sede de Assembleia Legislativa Regional! E o que faz a líder do PSD, Berta Cabral? Qual a influência que a candidata teve ou tem nessa decisão? Comprovadamente, Berta Cabral tem tanta influência junto do Primeiro-ministro e líder do PSD, como eu tenho sobre as decisões da senhora Merkel ou do governo do Burkina Faso! Passemos adiante. Na passada segunda-feira, celebrou-se na Vila da Povoação o Dia dos Açores. Um dos pontos altos dessa comemoração foi a Sessão Solene, aonde foram agraciados ilustres cidadãos e instituições açorianas de relevante atividade e proferidos os discursos do Presidente da Assembleia Legislativa Regional, Francisco Coelho e do Presidente do Governo dos Açores, Carlos César o qual traçou uma panorâmica da evolução autonómica pós 25 de Abril, das conquista alcançadas, do desenvolvimento atingido e dos novos desafios que se se adivinham para os tempos mais próximos. Através de uma peça oratória de elevadíssimo rigor e imparcialidade perante os factos que pontuaram três décadas de autonomia, à exceção dos representantes do PSD, os mais do que quinhentos participantes aplaudiram de pé, prolongadamente a brilhante e aglutinadora intervenção de Carlos César! Pena é que haja quem mais se preocupe com protagonismos pessoais e queira, à viva força colocar-se em bicos de pés para aparecer na fotografia. O pseudo -incidente das cadeiras que envolveu Berta Cabral e Duarte Freitas, deve-se apenas à falta de memória e a leituras protocolares enviesadas. Note-se que a colocação protocolar dos convidados na Povoação, foi exatamente a mesma de 2011, na Praia da Vitória. Sabem porque é que não houve reclamações em 2011? Porque protocolarmente estava correto, Berta Cabral nem ao menos compareceu à Sessão porque já andava em campanha eleitoral em S. Jorge, se me não falha a memória e Duarte Freitas chegou muito atrasado à cerimónia! Para terminar e para que não restem dúvidas acerca do interesse de Berta Cabral pelas comemorações do Dia dos Açores, é bom recordar que em 2009, no dia 31 de maio, em Toronto, Canadá, não esteve presente. Em 2010, no dia 24 de maio, na ilha do Corvo não esteve presente Em 2011, no dia 13 de junho, na Praia da Vitória, não esteve presente Em 2012, no dia 28 de Maio, na Povoação, como está em plena campanha eleitoral, esteve presente … e foi aquilo que se viu…