Opinião

A mãe Europa

Celebrou-se antes de ontem o Dia da Europa numa altura em que vozes aflitas questionam a sua integridade. Robert Schuman, visionário à época, abriu caminho ao processo que conduziu à constituição do modelo europeu. Este foi e é um modelo ousado, mas prometedor. Foi na sua génese um modelo que permitiu reerguer dos escombros da II Guerra uma Europa estilhaçada e desvalida e fazer dela uma comunidade unificada e prometedora. Hoje, estas comemorações assumem especial relevância. Com novos protagonistas recentemente saídos de eleições há esperança renovada. Na França Hollande prometeu um novo modelo em que os franceses acreditaram mal grado o apoio incondicional de Merkel a Sarkozy. Hoje quando a Europa enfrenta uma crise de gigantescas proporções é momento de lembrar o momento primeiro da sua génese e de louvar os que teceram o seu início. A Europa é um projeto contínuo e dinâmico. Feito por muitos, por todos, sem esmagamento duma parte pelas outras. Este foi o seu grande trunfo, assente nos princípios basilares de igualdade entre os estados. Hoje que muitos lhe vaticinam uma morte prematura é útil relembrar as razões da sua existência. A de que a Europa nasce duma declaração urgente ontem como hoje de paz e de um percurso efetivo de solidariedade. A declaração primeira recupera agora como nunca a sua pertinência. Não tenhamos dúvidas que só uma Europa socialmente consciente poderá relançar com força o seu modelo de desenvolvimento. Hollande é por isso uma lufada de ar fresco neste caminho. E mesmo o que ocorreu na Grécia pode servir de barómetro da reflexão para o que urge fazer. A Europa de amanha terá de trazer na sua gestação muito do seu passado. A Europa do futuro só tem futuro se souber com argúcia renovar os princípios que presidiram ao seu espírito fundador.