Opinião

O outro lado do PECA

Na mesma altura em que o Plano Estratégico para a Coesão dos Açores (PECA) era apresentado e conhecido logo surgiram vozes apressadas na tentativa de desvalorizar este documento. É preciso não esquecer que o PECA foi publicado na página do Governo e já nesse dia davam entrada nas redacções dos jornais artigos de opinião com duras críticas ao seu conteúdo, que haveriam de ser publicados no dia seguinte. É assim. Muita gente está contra só porque sim. Não interessa ler, reflectir, propor alterações ou enriquecer este plano. Só lhes resta mesmo falar mal, mesmo antes de conhecer o documento. As críticas têm surgido, neste período de pré-campanha declarada, por forma a dar a entender que não existem políticas de coesão ou então que estas falharam. Nada de mais errado. Ainda ontem o senhor Presidente da República tecia elogios à forma como os Açores se desenvolveram nos últimos vinte anos e, com toda a certeza, estava a referir-se também à Graciosa e Santa Maria, ilhas que já visitou neste périplo. Nós passamos por uma fase em que o Governo dos Açores teve de investir nestas ilhas, substituindo os privados que, devido à incerteza do retorno do investimento em tempo útil, foram renitentes em apostar. De seguida foram criados mecanismos de discriminação positiva, criando majorações nos apoios ao investimento, na habitação, no apoio à exportação de produtos tradicionais, nos programas estagiar L e T, no custo das passagens aéreas, etc., diferenciando assim o apoio público atribuído às famílias e às empresas das ilhas com menor dimensão. Com o forte investimento governamental em áreas fundamentais tem sido possível melhorar as condições de vida dos Graciosenses. Em 2008 o programa do Governo já previa elaborar um estudo destes, porque agora os desafios são outros. Acompanhei o processo de elaboração do PECA desde o seu início e, confesso, sempre depositei esperança neste trabalho, tendo em conta o desenvolvimento da Graciosa. Não esperei por uma solução milagrosa, porque tenho consciência de que ela não existe. Se assim fosse já outros, aqueles que agora criticam, o teriam feito no passado. O PECA não induz uma directiva infalível rumo ao sucesso para ilhas mais pequenas e mais frágeis do ponto de vista económico, antes procura, em colaboração com agentes locais, identificar áreas com potencial capazes de materializar o desenvolvimento que ambicionamos. Não é nada de novo. Acho que nada foi inventado. Trata-se tão só de definir as linhas estratégicas e as respectivas linhas de acção, para, numa conjugação de esforços do Governo e das populações, encontrar formas de tornar mais eficaz e rentável a exploração dos nossos recursos.