Opinião

Em São Jorge, há requerimentos ao metro e conferências ao Kg

Nos últimos dias, deram entrada, na Assembleia Regional e pelas nossas casas dentro, requerimentos sobre os mais variados aspectos: entre os quais, umas pedras que caíram num trilho, sem primeiro se saber bem ao certo, de quem era a responsabilidade pela limpeza das mesmas; outro, sobre a decoração de uma rotunda, sem que a obra esteja terminada. Faz parte das competências do deputado a fiscalização e acompanhamento da actividade governativa, para tal, são-lhe disponibilizados diferentes instrumentos, que devem ser usados adequadamente, porque, caso contrário, corremos todos o risco de banalizar a utilização dos meios ao dispor de um parlamentar. Talvez nem toda a gente saiba, mas um requerimento dá entrada na Assembleia, é remetido ao Governo Regional, onde faz o seu percurso de acordo com os departamentos governamentais a que diz respeito, posteriormente é devolvida a resposta à Assembleia, regressando finalmente ao deputado. Será que no caso de umas pedras caídas, não seria mais útil o contacto telefónico ou fazer uma abordagem mais objectiva para esclarecer e contribuir assim para a bem comum? Será que não estamos a desperdiçar tempo e meios úteis necessários para outras questões mais relevantes? Por outro, temos assistido a um invulgar número de aparições públicas sobre a nossa agricultura. Numa primeira, atrapalhadamente colocou-se em causa a capacidade do nosso queijo no mercado, ajudando assim os donos dos hipermercados e prejudicando os nossos agricultores. Numa segunda, afirmou-se que havia leite por pagar há cinco meses, facto que foi desmentido pelos dirigentes cooperativos que são também produtores. Agora vem-se falar de iniciativas para colmatar o número excessivo de coelhos bravos em São Jorge. Devemos então perguntar: se existem Presidentes de junta que já promoveram na sua freguesia, acções para o abate de coelhos, se foi já autorizada a correcção de densidade nocturna, se já foram abatidos oficialmente mais de 18 mil coelhos, se já está pronta para publicação a regulamentação da comercialização da carne de caça, oportunamente anunciada pelos socialistas, o que pretende o deputado da oposição ao anunciar iniciativas parlamentares, para fazer mais do mesmo? Será que não era mais prático deitar mãos à obra e trabalhar na freguesia onde o problema é mais grave, como outros trabalham, sem andar a fazer politiquice. Meus caros, nos dias que correm o povo está cansado de conversa, os resultados consistentes não são imediatos, as verdadeiras mudanças operam-se a longo prazo, com acções oportunas. Com a ânsia de aparecer e de marcar mais presença, de mostrar trabalho, os nossos deputados da oposição, estão a produzir requerimentos ao metro e conferências ao Kg.