Opinião

Incoerência e populismo, q.b.

Há ocasiões em que, em tão curto espaço, não é fácil conseguir aprofundar todos os assuntos ou matérias que estão na ordem do dia, dado a profusão de temas merecedores da nossa atenção e comentário. Daí, resolvermos trazer hoje até vós, sem uma análise profunda, alguns dos motes actuais que certamente mereceriam ser reflectidos de forma mais desenvolvida. Começaríamos por realçar facto de, apenas com a habitual posição de um PSD cada vez mais isolado e triste, a Assembleia Legislativa Regional ter aprovado a extensão da compensação salarial que já abrangia os trabalhadores da Administração Regional, aos trabalhadores das autarquias locais, desde que os executivos camarários assim o decidam. Como era de esperar, o PSD que criticara a medida por apenas envolver os funcionários dos órgãos regionais, agora vem criticar por isto, por aquilo e por aqueloutro. No entanto, não deixa de ser interessante constatar a incoerência de Berta Cabral que, enquanto líder partidária condena e desaprova a medida mas, como presidente de uma câmara municipal, pondera a hipótese de implementar a medida que o PSD chumbou no parlamento! Incoerência e populismo quanto baste! Em relação à disputa que há anos decorre sobre a propriedade dos terrenos aonde se situava o antigo Matadouro de Ponta Delgada, na Freguesia de Santa Clara, como seria justo e previsível, ao contrário do pretendido por Berta Cabral, o Tribunal de Ponta Delgada veio dar razão ao Governo dos Açores ao declarar que aqueles terrenos não são património da Câmara Municipal, mas sim da Região. Pela voz do Vice-presidente, José Manuel Bolieiro, a Edilidade já declarou não pretender recorrer da sentença. O acatar, de imediato, a decisão judicial de primeira instância, significa que o Executivo de Berta Cabral está de acordo com o decidido e assume, sem quaisquer reservas, que o legítimo proprietário sempre foi o Governo. Só gostaríamos de saber como irão descalçar a bota junto da população e da Junta de Freguesia de Santa Clara pois, em concorrida cerimónia pública realizada na sede da referida Junta, em nome de Berta Cabral, o Vereador José Medeiros, sacou da cartola uma declaração assinada pela Edilidade oferecendo os terrenos do matadouro a Santa Clara! E agora, apesar do “papel passado”, o que vão ceder? Incoerência e populismo quanto baste! Juventudes partidárias. Muito embora tenhamos por hábito não comentar publicamente o que se passa no interior dos partidos políticos, inclusive naquele em que desde sempre militamos, não resistimos à tentação, por se ter transformado em notícia, de nos referirmos ao conturbado processo eleitoral dos jotinhas laranja. Segundo veio a lume, terá havido falcatruas no processo eleitoral, envolvendo falsificação de documentos e de assinaturas. Se o processo de averiguações o vier a confirmar, o actual líder laranjinha foi eleito de forma ilegal e fraudulenta com a ajuda de altos militantes da estrutura da juventude social-democrata. Ainda está na memória de todos a tristeza que constituiu a cerimónia de encerramento do congresso com o abandono da sala por parte dos integrantes da lista derrotada, clamando as irregularidades cometidas pela equipa do então e actual líder. Não deixa de ser interessante verificar a posição – ou melhor, a falta dela - da líder do PSD, Berta Cabral. Não podemos esquecer que o alvo de todas as suspeitas é um jovem senhor deputado regional, eleito por S. Miguel e que, supostamente, deveria constituir um exemplo para a juventude e ser um defensor dos valores a preservar pela juventude açoriana. Que o referido jovem deputado não tenha pedido a suspensão do mandato parlamentar, enquanto o assunto não fosse devida e cabalmente esclarecido, a responsabilidade é do próprio e os eleitores daí tirarão as devidas ilações na altura própria. Que a líder do partido a tal o não tenha obrigado, significa que acha compatível o exercício das altas funções de representante eleito do povo no Parlamento com o alegado envolvimento nas ditas irregularidades que vieram e são do domínio público. Por muito menos, já ouvimos pedidos de demissão de outros agentes políticos! Incoerência e populismo quanto baste!