Reforço das ligações aéreas na época baixa é essencial para o turismo e para a mobilidade dos Açorianos, defende PS/Açores

PS Açores - Há 7 horas

A deputada socialista Marlene Damião afirmou esta terça-feira, na Horta, que o Plano e Orçamento para 2026 revela um Governo Regional sem estratégia para dois setores essenciais da economia açoriana — turismo e transportes — acusando o Executivo de viver “da conjuntura”, sem direção nem capacidade de antecipação.

Na sua intervenção em plenário, Marlene Damião lembrou que o turismo representa hoje “cerca de 17% do PIB regional”, e que o seu crescimento não resulta de qualquer ação recente do Governo, mas sim “de um trabalho consistente, feito ao longo de anos, com planeamento, investimento, promoção, qualificação da oferta e articulação com o setor privado”.

“Não basta celebrar números como se os números fossem, por si só, uma estratégia”, disse a deputada, defendendo que o setor precisa de direção, coordenação e previsão.

A socialista recordou que os principais representantes do setor — desde as Câmaras de Comércio ao Conselho Económico da Região – têm repetidamente alertado para a necessidade de um plano claro para combater a sazonalidade e garantir maior estabilidade e destacou ainda a importância de atualizar o Plano de Ordenamento Turístico dos Açores (POTRAA).

Sobre acessibilidades aéreas, Marlene Damião criticou a ausência de respostas e de planeamento. “No verão anunciam rotas, no inverno anunciam desculpas”, sublinhou, considerando particularmente grave a admissão do Presidente do Governo sobre a possibilidade de encerramento da Azores Airlines e denunciou ainda a “passividade, tranquilidade e inação total” do Governo perante a possibilidade de abandono da Região por parte da Ryanair.

A deputada alertou também para a indefinição quanto ao futuro da SATA, afirmando que esta “não é um detalhe técnico — é uma ameaça direta à conectividade da Região, aos preços para residentes, à confiança dos turistas e à capacidade de planear do setor privado”.

Marlene Damião criticou igualmente a falta de ligações consistentes nas ilhas do Pico, Graciosa, Corvo, Flores e Santa Maria, sublinhando que sem reforço da oferta aérea e marítima, sem programação integrada e sem campanhas de promoção específicas, “o turismo local abranda, criam-se desigualdades e a economia de cada ilha é afetada.”

A socialista denunciou ainda a manutenção de problemas estruturais no setor, incluindo “contratos precários, falta de mão de obra qualificada, rotatividade elevada e dificuldade em fixar profissionais”, alertando que o PS tem uma visão clara e alternativa assente na qualificação permanente, contratação estável e estratégia de combate à sazonalidade.

“Nos últimos cinco anos, o Governo deixou por executar 52 milhões de euros no turismo”. Isso “não é falta de dinheiro: é falta de Governo”, concluiu Marlene Damião, lamentado que o Plano não apresente “medidas concretas” para incentivar o turismo fora da época alta, nem para criar eventos, produtos ou experiências que atraiam visitantes nos meses de menor procura.

“O turismo nos Açores não pode ser apenas uma estatística – tem de ser uma estratégia”, finalizou.

 

 Horta, 26 de novembro de 2025