O Grupo Parlamentar do PS/Açores considera que a Comissão de Inquérito ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) veio confirmar falhas graves por parte do Governo Regional na forma como geriu a retoma do normal funcionamento do hospital e na identificação e implementação de medidas de reparação do edifício principal.
Na última audição da Comissão, o deputado Carlos Silva sublinhou que, “apesar do investimento num hospital modular, passado um ano do incêndio, o edifício principal do HDES continua com muitos problemas por resolver, estando a ser desvalorizada a sua recuperação”.
O parlamentar socialista lamentou a falta de rigor e as contradições da Secretária Regional da Saúde e Segurança Social numa matéria de enorme sensibilidade para os Açorianos, com versões contraditórias e datas imprecisas.
“A 30 de janeiro, o Presidente do Governo Regional, em declarações à comunicação social, afirmou que quando o Dr. António Vasco Viveiros entrou para o Conselho de Administração do HDES, que aconteceu a 23 maio de 2024, ‘a decisão estava tomada, aliás já estava em curso’, o que é contrariado em sede de comissão pela Secretária Regional da Saúde, que assume que a decisão política pelo modular foi tomada a 13 de junho de 2024”, referiu o coordenador do PS/Açores na comissão.
“Só esta contradição evidente de José Manuel Bolieiro e Monica Seidi, dois membros do mesmo Governo de coligação com responsabilidade na matéria em causa, já justifica esta comissão de inquérito”, rematou.
“Esta Comissão confirmou o que o PS/Açores sempre disse: não houve planeamento, houve uma clara falta de comunicação e de organização entre todas as partes envolvidas e graves falhas de informação. Houve improviso e uma tentativa de construir uma narrativa à posteriori para justificar decisões políticas mal fundamentadas”, afirmou o deputado socialista.
Para o PS/Açores, o problema nunca foi o hospital modular em si, mas a forma como o Governo liderou - ou não liderou - o processo. “A audição da atual Presidente do Conselho de Administração do HDES, que decorreu esta quarta-feira, confirmou que a escolha partiu da direção clínica, sem pareceres, revelando que o Governo foi incapaz de fundamentar as opções tomadas”, afirmou Carlos Silva.
“Estamos a falar de um investimento de quase 40 milhões de euros, enquanto o HDES continua por recuperar, com falhas nas infraestruturas e sem os investimentos que já podiam e deviam ter sido feitos, em especial, no que diz respeito ao Sistema Automático de Deteção de Incêndios (SADI)”, sublinhou Carlos Silva.
O socialista sublinhou ainda a desorganização e o mau ambiente no Conselho de Administração do HDES, referido por vários depoentes ao longo desta Comissão e confirmado pela própria Secretária Regional e que prejudicam o normal funcionamento do maior hospital da Região com prejuízo para os utentes.
“Essa instabilidade é da inteira responsabilidade da tutela, que nomeou todos os membros do Conselho de Administração e manteve confiança política num órgão claramente fragilizado, comprometendo a capacidade de resposta da principal unidade hospitalar da Região num momento de crise”, referiu.
O PS/Açores considera ainda preocupante que a Secretária Regional tenha insistido numa narrativa falsa, mesmo perante os factos apurados durante os trabalhos da Comissão, incluindo o incumprimento de datas definidas pela própria para a entrega de relatórios essenciais e a ausência de critérios claros na decisão e execução do projeto modular.
“Fica clara a falta de liderança política e a desorganização na resposta a uma crise que exigia mais transparência, rigor, uma melhor gestão dos recursos públicos e cumprimento da legalidade por parte do Governo de coligação liderado por José Manuel Bolieiro”, reforçou o parlamentar socialista.
Ponta Delgada, 15 de maio de 2025