Opinião

Está tudo bem no turismo?

Não, não está tudo bem no turismo graciosense. Como se sabe esta é uma indústria muito recente e está a crescer em todas as ilhas, mas de forma muito desigual.

Entre 2014 e 2019 nos Açores registou-se um crescimento nas dormidas na ordem dos 145,4%. Nessa altura Santa Maria, com 43%, e a Graciosa, com 56%, foram as duas ilhas dos Açores com os menores crescimentos, mas mesmo assim crescimentos importantes. Em sentido contrário tivemos as Flores, com 177%, seguida de S. Miguel, com 159%, e o Pico, com 155%.

Fazendo o mesmo exercício entre 2019 e 2024, os Açores registam um crescimento de 38%, com o Corvo a destacar-se com 96%, seguindo-se as Flores com 58% e a Terceira com 44%. Com crescimentos mais modestos estão Santa Maria com 23% e o Faial com 26%. A Graciosa regista apenas um ligeiro aumento de pouco mais de 1%. É mesmo muito mau.

É claro que defendemos o turismo de qualidade para garantir a sustentabilidade deste mercado, mas continuar-se a pagar, e de que maneira, para colocar turistas em apenas algumas ilhas, tem estes efeitos perversos. Uns ficam com tudo e outros com as migalhas.

Não podemos esquecer que a Secretária Regional que tutela o turismo, afirmou, na Bolsa de Turismo de Lisboa do corrente ano, que o Governo estava a fazer crescer o turismo em todas as ilhas. Conforme demonstrei, isso não está a acontecer e não se vê qualquer esforço para alterar este estado de coisas.

Em 2021 a Região gastou em promoção 8 milhões de euros e para a Graciosa vieram apenas 31 mil euros. Já nos anos subsequentes, 2022 e 2023, não se consegue apurar os valores porque essas verbas deixaram de vir desagregadas por ilha, no relatório de execução, provavelmente com o propósito de esconder esta triste realidade.

Recentemente foram atribuídos quase 2 milhões de euros a uma companhia aérea para trazer turistas para aeroportos já a abarrotar. Este ano o Governo prevê investir 15,5 milhões de euros na promoção e desenvolvimento turístico, no entanto não há verba suficiente para ajudar a realizar o Rali da Graciosa, pela primeira vez em 15 edições, prova desportiva que sempre representou um momento importante do ano turístico nesta ilha. Não se compreende.

A injustiça e a insensibilidade são dois percussores do bairrismo. É assim que se começa a pôr ilhas contra ilhas e este Governo está a fazer por isso.