Opinião

Silêncio

Os últimos resultados eleitorais trouxeram uma mensagem clara de descontentamento, desesperança e cansaço que não podemos ignorar. Muitos açorianos sentem que trabalham arduamente e não veem retorno; os salários não chegam ao fim do mês, e ir ao supermercado tornou-se um sacrifício. Encontrar uma casa a preço justo é quase impossível, entre tantos outros problemas.

O Partido Socialista dos Açores ouviu essa mensagem. Não fingimos que tudo correu bem, mas também não baixamos os braços. Nos momentos difíceis, é essencial garantir segurança no presente e esperança no futuro.

Por isso, temos estado muito atentos à situação dos transportes nos Açores. Consideramos que ela é indigna de uma Região Autónoma que se pretende moderna, europeia e coesa.

Diariamente, chegam-nos relatos de pessoas impedidas de sair da sua ilha, porque não há aviões, porque os que há estão lotados, os horários não servem a ninguém, e não há barcos, pois as rotas foram abandonadas. Doentes em ilhas sem hospital esperam dias, por vezes semanas, por um voo que lhes permita consultas e tratamentos. Empresários veem os seus negócios afetados pelos sucessivos atrasos no transporte de mercadorias, porque o barco não chega no dia previsto, atrasando-se semanas.

Lamentavelmente, o Governo Regional assiste a tudo isto praticamente em silêncio, sem soluções estruturais, oferecendo remendos e respostas temporárias que não resolvem os problemas.

Nós não nos resignamos. Propusemos diálogo e sinalizámos a urgência de uma solução para a SATA, manifestando total disponibilidade para colaborar. Em troca, apenas silêncio. Os problemas não desaparecem por serem ignorados; pelo contrário, agravam-se. Os açorianos pagam a fatura.

A desconfiança na classe política traduz-se na abstenção crescente, no afastamento dos cidadãos e na ideia de que “são todos iguais”, que nada muda e que as promessas são vazias. Isso deve preocupar-nos, porque a democracia enfraquece quando as pessoas deixam de acreditar.

Por isso, o PS/Açores não vai esperar. Vai agir. Lançaremos brevemente os Estados Gerais do PS/Açores, um processo de escuta, participação e construção coletiva, porque só conhecendo os problemas reais poderemos apresentar soluções concretas.

O futuro dos Açores exige responsabilidade, coerência e ação.

Cá estamos. Não contem com o nosso silêncio.