Opinião

O bailinho

É tempo de dar música! Passar a playlist dos feitos destes 3 anos passou a ser o modus operandi de José Manuel Bolieiro, mesmo que para isso evoque dados que, na verdade, não traduzem a realidade da nossa Região. Ou, pelo menos, não traduz a sua real abrangência.  Veja-se o caso do crescimento económico apregoado com base em apenas um indicador, claramente enviesado pelo impacto do turismo. A economia não se resume à atividade turística e, mesmo esta, veremos como se comportará com a redução dos voos da Ryanair e a perda da divulgação que os Açores tinham por esta via. Veja-se o caso da redução do número de beneficiários do RSI, seria um excelente indicador se refletisse a melhoria dos indicadores da pobreza. Mas não é, os Açores voltaram a ser a região mais pobre do país e o número de sem abrigo cresce a olhos vistos nos principais centros urbanos da nossa Região. São açorianos que se encontram em situação de sem abrigo. Não deram à costa, são o resultado mais visível e desumano da má política deste Governo na área social. Uma política desenhada a reboque das exigências dos parceiros, sem uma estratégia robusta, feita mesmo de modo meramente administrativo. Isto é, cortar apoios sociais indiscriminadamente, como quem pega numa lista e risca de alto abaixo sem olhar a quem. Se existem situações de abuso há que as identificar e corrigir. Cortes cegos qualquer um faz, mas tem como resultado mais injustiça! Deixam-se crianças, idosos e os mais vulneráveis desprotegidos e não se garante que as situações de abuso tenham sido corrigidas. Isto é governar bem? Não, não é. Veja-se o caso da habitação, onde a resposta remete para o amanhã que não chega ou, em alguns casos, nem esta resposta chega.

O bailinho continua com uma playlist muito seletiva, deixando de fora as faixas do faz e desfaz deste Governo. O faz e desfaz das Agendas Mobilizadoras, que acabou por fazer a Região perder mais de 100 milhões de euros, o avião cargueiro que nunca chegou, a perda da base da Ryanair, o fim do transporte marítimo de passageiros no grupo oriental. Temos também o top dos mais ouvidos nomeados políticos e, se quisermos voltar um pouco atrás no tempo tecnológico podemos ir ao lado A e lado B das cassetes que tocam a dualidade de critérios do senhor presidente do Governo Regional, que um dia diz que a suspensão do processo de privatização da Azores Airlines é uma decisão política sublinhando a ética e a cautela democrática, e no outro faz promessas de obras de milhões de euros, em clima de pré-campanha eleitoral. Enfim, a ética e cautela democráticas devem ser aquele género musical que só gostamos de ouvir num determinado contexto ou data. Como a música de Natal ou de Carnaval, só ouvimos em alturas festivas.

Depois de três anos em pausa, o Governo Regional tentou carregar no play e descobriu que o disco estava riscado nas promessas nunca cumpridas.