Opinião

A ditadura do tempo

No uso da palavra na Assembleia estamos limitados, estrategicamente, a usar apenas o tempo que nos está destinado e no maior grupo parlamentar dos Açores, como o nosso, é preciso tempo para abordar todas as áreas temáticas.

A mim coube-me, na análise do Plano e Orçamento, abordar a Graciosa e logo fui apelidado de espalhar notícias falsas, números falsos e de má-língua.

No que se refere à má-língua, devolvi inteiramente esse título ao meu interlocutor porque desde 2008, até mesmo antes, não se tem assistido a outra coisa se não falar mal de tudo e de todos, incluindo ataques pessoais e familiares e ainda conluio com publicações e queixas anónimas. Lições de moral de gente desta dispenso-as bem.

Relativamente às notícias e números falsos, pedi que apontasse o que teria eu falseado e não foram dados quaisquer esclarecimentos e, não podia ser de outra maneira, porque, relativamente às notícias, uso o que me chega da população e os números são os oficiais.

Mas ainda há mais. Relativamente à deslocação de especialistas à Ilha Graciosa, foi dito que este ano foram realizadas 1.535 consultas, número que acho ser positivo e que resulta do esforço que tem sido feito pelos dirigentes da USIG para atingir esse objetivo, mas da maneira como foi apresentado na Assembleia até parece que é novidade. E não é.

Nos anos 2004, 2005, 2006, 2007, 2009, 2010 e 2011 foram realizadas mais consultas de especialidade que aquelas que foram apresentadas, sendo que no ano 2011 atingiu-se praticamente o dobro daquele número de consultas. Nos restantes anos os números ficaram abaixo daquele valor, mas não deixou de haver consultas de especialidade naquela ilha, ao contrário do que se tenta fazer crer.

A deslocação de especialistas às ilhas sem hospital foi uma boa ideia, mas não é uma iniciativa deste Governo, é património dos governos do Partido Socialista. Não custa admitir, porque é a verdade.

Foi também exibida uma portaria para, supostamente, atribuir a culpa da transferência de embarcações de pesca para a Graciosa ao Governo anterior. É uma mentira pegada.

O Governo anterior fez uma portaria para garantir a mobilidade de pescadores, apenas pescadores, para ilhas onde faltava mão de obra e, mesmo assim, essa mobilidade era acompanhada pelas entidades oficiais. Este Governo mudou embarcações com as suas tripulações para, por exemplo, o porto de pescas da Graciosa, sem garantir condições dignas.

Acho que fica identificado quem usa os números para tentar ludibriar os mais distraídos e quem espalha informações falsas para tentar obter benefícios políticos. Relativamente à má-língua, basta ver o histórico para saber quem baseou toda a sua carreira política na maledicência e na intriga.