Opinião

Caminhos apertados

Abriu a época de pré-campanha eleitoral para esta coligação. Com a aproximação da discussão daquele que será o último Plano e Orçamento desta Legislatura e sobretudo com a incerteza da aprovação que paira no ar, nada como iniciar antecipadamente uma campanha eleitoral.

Assim, este governo tem-se dividido em quatro frentes: concluir processos que já vinham de governos anteriores, inaugurar obras que vieram de governos anteriores, anunciar tudo a todos e por último, mas não menos importante, iniciar um processo de chantagem aos que até agora foram os seus parceiros. Não vá o diabo tecê-las e alguém concretizar na votação destes documentos o afastamento há muito anunciado.

E é assim. A um ano do fim da legislatura se a ação governativa tem ficado para trás, a partir de agora ela fica remetida oficialmente para último plano, com grande prejuízo para todos os açorianos.

A coligação reforçará a mensagem de que reina a estabilidade, a mensagem de que o apregoado diálogo não é um processo de submissão política e sobretudo, custe o que custar, manterão a estratégia de levar esta legislatura até ao fim.

Já o disse aqui em outras circunstâncias e não mudei de opinião: as crises políticas não são benéficas, mas a verdade é que alguém se meteu por caminhos muito apertados e levou consigo toda uma região.

Mas também vos digo, não me parece que este orçamento vá ser reprovado. Acho que irá acontecer o que sempre aconteceu nos últimos orçamentos: umas ameaças aqui, algumas chantagens ali, algumas birras também, mas no fim ele será aprovado.

Contudo, muito sinceramente, acho que por tudo isto teremos mais um orçamento que não responde às necessidades dos Açores, mas sim às necessidades partidárias de todas as forças políticas que sustentam esta solução.

 

(Crónica escrita para Rádio)