Opinião

Por terra

Debaixo de uma tendinha azul, 4 membros do Governo, 2 Presidentes de Câmara e 1 Vice-Presidente de Câmara, mais a Diretora da Escola do Mar assinaram um protocolo de transferência da lancha Espalamaca para a Associação para o Desenvolvimento e Formação do Mar dos Açores (ADFMA).
Passados 3 dias, já sem a presença de tão ilustres servidores públicos, sem tendinha e, sem dó nem agravo, a Espalamaca fez viagem por terra, diante do olhar espantado e incrédulo de imensas pessoas. Lá foi ela. Passou na frente da casa do Mestre João Alberto Neves, na frente da casa do Mestre Júlio Nunes de Matos, dois construtores navais, que trabalharam nela e seguiu viagem, por terra, por mistérios, lombas, curvas e contracurvas. Diz quem sabe que o manobrador do atrelado era dos melhores para o serviço e, portanto, e, ainda bem, a Espalamaca chegou intacta ao seu destino, estacionando na Madalena.
O que mais houve (e talvez ainda haja) a dizer sobre isso já foi dito por vozes mais autorizadas do que a minha, nos jornais, rádio e televisão. Todavia, não podia deixar de dizer – com a distância do passar dos dias, mas com o afeto que tenho pelo lugar, pelas pessoas e pela Espalamaca, que do que ali se passou, tiro 3 conclusões. A 1ª é que ficou provado por J+A+D+M que se acham mesmo “os donos disto tudo” e, assim, não ouviram ninguém e fizeram como queriam; a 2ª é de que todas aquelas afirmações sobre “humildade democrática”, “transparência” e “fazer melhor e diferente” não passam (afinal) de retórica.  A 3ª é que perderam uma excelente oportunidade para fazer daquele dia, um dia de festa, em Santo Amaro do Pico, deixando que a “nossa” Espalamaca saísse, como chegou em 2014, por mar.
Se assim tivesse sido, este texto era outro. Fico a aguardar por novidades quanto ao polo do Museu do Pico, dedicado à Construção Naval. Espero que não seja para deitar por terra. Também.