Opinião

Entorse

Vergílio Ferreira escreveu que “toda a cultura é um diálogo com o seu tempo”. Tempo é, no entanto, um luxo que muitos não dispõem.  Passaram 222 dias, 5.328 horas, desde que desejámos uns aos outros um Feliz 2023. Foram meses de longa espera para os artistas e agentes culturais Açorianos. A somar aos incontáveis atrasos nos pagamentos a fornecedores, às hesitações e paralisias que são imagem de marca de um governo que, por exemplo, deixou os empresários à espera – quase uma legislatura inteira – de um sistema de incentivos, os agentes culturais Açorianos estão a ser alvo de uma lenta asfixia. Para além do atraso recorde na atribuição de apoios, os cortes cegos e os comentários depreciativos em pleno Parlamento ilustram a desconsideração deste governo pelo setor.  O que está hoje a acontecer na nossa Região – e que está a penalizar toda a gente, uns mais do que outros – é fruto de incompetência e de cobardia política. A incompetência de quem acha que pode empurrar com a barriga para a frente e adiar ou suspender a vida das pessoas. A cobardia de nem sequer assumir a responsabilidade pelos erros cometidos. Uma e outra são uma entorse ao desenvolvimento dos Açores.