Opinião

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Corria o longínquo ano de 2022. Maio. Mês de maio. Mês especialmente dedicado à Virgem Maria, memorial dos mais crentes no catolicismo. Mas se a crença for outra, e, efetivamente, pender bem mais para o universo das constelações celestiais, pois tudo ok, também, sem problemas, de assinalar então que a vinte um, dia vinte um, principia o signo Gémeos. O terceiro signo do zodíaco. Comunicativos, alegres, sociáveis.

Não sei de cor. Confesso. Nada de se impressionarem. Tudo conhecimento enciclopédico, sem dúvida, mas em dívida, e por uma vez mais, para com o Doutor mais famoso do ciberespaço, o Sr. Dr. Google.

E também vi as luas, já agora. Quarto minguante no vigésimo quinto dia do mês cinco, o Dia Mundial da África e vinte e quatro dias após o Dia do Trabalhador. Ponto. E agora basta de enquadramentos. Ao que importa.

Dizia então a Sra. Secretária da Educação e Assuntos Culturais, com regozijo na expressão, "que se note, que as escolas (açorianas) estão neste momento equipadas com material que é necessário para arrancar com este projeto piloto". "A Região tem todo o interesse em entrar no processo (das provas de aferição em formato digital) nesta fase de amostragem para ir verificando os condicionalismos e eventuais problemas, de forma que se possa, atempadamente, corrigi-los". "A expectativa, nesta fase, não é tanto com o formato diferente digital, mas com as consequências desta digitalização da avaliação e de verificarmos de que forma é diferente e se condiciona ou não o próprio sucesso educativo".

Virada a página de um ano, 22 de junho de 2023: "Entendemos que é absolutamente prematuro e até mesmo desadequado estar a submeter os alunos a provas digitais quando estes não têm aptidão para isso". (!)

E então, Sra. Secretária? Como assim? Que sucedeu? E então o formato digital é agora problema? Para que serve mesmo uma completa autonomia desta área governativa, se não para que, livremente, se tomem decisões? E de, também livremente, fazermos diferente se convictos de que esse outro caminho será mesmo o melhor?

Também tenho o meu palpite para esta nova visão, chamemos-lhe assim. Inércia. De todo lógico o receio pela inércia mais do que comprovada. Dos quase 9 milhões de euros previstos para o investimento no projeto "Escolas Digitais", foi dado um passo efetivamente tímido no primeiro trimestre do ano, manifestamente envergonhado, um passinho: 4,4 % de execução. Menos de 400 mil euros.

E ano letivo à porta, a carregar. As já muito frágeis redes de internet necessitarão de, herculeamente, suportar umas boas centenas mais de manuais digitais em cada das nossas heroicas unidades orgânicas. Posto isto, adiantará falar, sequer, dos projetos pedagógicos em crescente processo de congelação nas nossas escolas para que os manuais de 2022/23 pudessem ir funcionando?

Calmex...!Muita calma, devagar. Mês de junho, ei-lo, o de São João e suas belíssimas festas.