Opinião

Governação fragmentada

Há, entre outros, uma tríade de protagonistas essencial ao desenvolvimento e crescimento económico: governo, empresários e gestores.

A cada protagonista um papel diferente.

Ao governo afirmar a visão estratégica, desenhar orientações setoriais, definir políticas públicas e prover as infraestruturas e recursos.

Aos empresários e empreendedores, investir em condições de incerteza. Mobilizar recursos, criar postos de trabalho, gerar e reconhecer oportunidades que possam conduzir ao desenvolvimento económico e à mudança social.

Os gestores têm a missão de apoiar os empresários e empreendedores na concretização de objetivos e metas, otimizar meios e recursos na gestão das organizações e, em simultâneo, potenciar a articulação entre as políticas públicas estruturais de apoio ao desenvolvimento económico e a ambição empresarial. E para isso precisam de dados, de informação.

Informação sobre o mercado desde a relação entre a oferta e a procura, fatores de produção, redes de distribuição e comercialização, mão de obra, tecnologia, acesso ao crédito e financiamento e, como não podia deixar de ser, informação sobre as políticas públicas setoriais e sobre os sistemas de apoio e incentivo disponíveis.

E é neste último campo, em particular, que o Governo Regional de direita tem faltado, de forma sistemática, aos empresários e gestores açorianos.

A Região está sem sistemas de apoio ao incentivo privado desde 2021, o PRR manchado pelo desaire das agendas mobilizadoras e a baixa taxa de execução, apesar dos 100 milhões de euros de adiantamento recebidos, e sobre o PO Açores 2030 pouco ou nada se sabe.

310 milhões de euros de verbas comunitárias e incalculáveis oportunidades perdidas por entre os 125 milhões perdidos para a recapitalização das empresas açorianas, os 117 milhões perdidos devido às agendas mobilizadoras e os 68 milhões esquecidos para as obras do furacão Lorenzo.

310 milhões de euros é, apenas, parte da perda acumulada para a Região como consequência da desorientação e falta de estratégia deste Governo de coligação de direita.

Uma governação fragmentada entre cinco forças políticas que, na tentativa vã de esconder as suas limitações e incompetências, se escuda ora na herança do Partido Socialista ora em ataques ao Governo da República e, em desespero, se auto diminui e desresponsabiliza no exercício que a Autonomia de governo próprio impõe.

Fragmentos de uma governação sem rei nem roque que, em vez de oportunidades, gera vulnerabilidades e ameaça o crescimento económico e o desenvolvimento e coesão da Região.

Fragmentos de uma governação que ameaça e põe em risco o futuro dos Açores e dos Açorianos.

 

Célia Pereira