Opinião

Nada de novo

Desde a discussão do Plano e Orçamento da Região para 2021 que este Governo dos Açores vem sendo alertado para o dever de adequação das políticas públicas às dificuldades que a economia já estava a atravessar. Tal não aconteceu e a história repetiu-se para 2022 e para 2023.

Se a saída da pandemia já requeria instrumentos públicos fortes de apoio às empresas e às famílias, quando se juntaram as consequências do início da guerra essa necessidade tornou-se emergente, mas nada foi feito, apesar dos alertas a este Governo se tornarem mais frequentes e mais intensos.

Passado este tempo todo, veio o Governo Regional divulgar algumas medidas de apoio. Digo divulgar, porque nada do que foi apresentado naquela conferência de imprensa é novidade. Sendo, praticamente, medidas já em execução, não foi por isso que vimos melhorias ou alterações da realidade nos nossos custos de vida nos últimos dois anos.

E foi isso que me deixou um pouco perplexo. Perante a atual situação não aparece nada novo, nada que motive, nada que impulsione, nada que faça a nossa economia retomar a pujança de outros anos e nada que faça as famílias açorianas sentirem que têm no Governo Regional um apoio nas dificuldades que vêm sentindo a vários níveis.

Por exemplo: a diminuição dos impostos desde 2021 impediram o aumento dos preços? Não! Alguém acha que, daqui para a frente, vai atenuar junto das famílias o impacto do aumento dos preços? Claro que não! Algum empresário sentiu naquele conjunto de medidas que a partir de agora vai ser possível baixar os custos da sua produção? Não me parece.

Achar que a receita que nos trouxe até a esta situação é a mesma que que nos vai tirar dela é, das duas uma, ou uma fraca capacidade governativa, ou uma péssima noção da realidade.

 

(Crónica escrita para Rádio)