Opinião

O retorno

Digam lá, ficaram a pensar que ia escrever sobre o livro de Dulce Maria Cardoso? Pois, lamento, não é sobre esse retorno que vos escrevo. Não tenho essa veleidade. Quero escrever sobre o meu retorno a este jornal, depois de uma ausência de alguns meses, retorno que passo a partilhar, quinzenalmente, com a minha querida amiga Mariana Matos.
Nesta coluna assumidamente à esquerda, necessariamente mais curta e certamente mais desafiante, verterei o meu pensamento sobre a atualidade política.
Estamos a sair da “silly season”, mas nem mesmo na dita “season” deixou de haver assuntos que nos preocupam, que preocupam as famílias e empresas, de Santa Maria ao Corvo. Algumas dessas preocupações consolidaram-se. Vão passando de conjunturais, a estruturais. Vão passando de dúvidas, a certezas.
Em Santa Maria as recentes notícias sobre a demissão da Direção do Clube Asas do Atlântico, apontando como uma das principais razões a falta de apoio do Governo no desenvolvimento de atividades. No Corvo, fica cada vez mais claro que a dança do médico em nada beneficiou a população. Nas Flores, continua sem solução o transporte regular de mercadorias. Em São Jorge, acentuam-se preocupações sobre a quebra na produção de leite, a somar às dificuldades decorrentes da crise sismo vulcânica. Na Graciosa, como noutras ilhas, ficam claras as consequências das opções do Governo relativas ao transporte marítimo de passageiros.
Por todas as ilhas se sentem as consequências da falta de mão de obra com especial incidência na restauração, hotelaria, construção civil e agricultura. Por todas as ilhas se sentem os constrangimentos decorrentes desta inflação assustadora.
E sobre tudo isto? O Governo foi a banhos e agradeceu não ser perturbado.