Opinião

Democracia

Não é apenas mais uma data no calendário. É um momento histórico. O dia 24 de março de 2022 assinala a primeira vez em que a existência da democracia em Portugal suplanta a duração do Estado Novo. Ao todo, foram 17.499 dias, ou seja, 47 anos, 10 meses e 28 dias em ditadura. Uma longa noite que roubou a esperança e subtraiu o futuro a milhares de portugueses.  Não há - mesmo para os saudosistas de um tempo de má memória - qualquer comparação entre o Portugal democrático e o Portugal do “orgulhosamente sós”. A democracia é a festa da cidadania, na qual as liberdades nascem e se fortalecem. Merece, por isso, ser celebrada, melhorada e vivida. E isto só é possível com a participação e o envolvimento da maioria dos democratas.  A história já demonstrou que a sua sobrevivência não é um dado adquirido. O facto de hoje vivermos em democracia não é, por si só, garantia da sua perenidade nem tampouco que todos os problemas foram resolvidos. Longe disso. Ainda assim, com ela é muito mais fácil ultrapassar os obstáculos e suportar as dificuldades. Sem ela, trocamos as luzes pelas sombras e matamos de sede a liberdade.