Opinião

Os Açores valem 12.000 votos

"Os Açores valem 12.000 votos", a frase é de Rui Rio, foi proferida a propósito da exclusão de Mota Amaral das listas do PSD ao Parlamento Europeu, e termina assim: "Não é fortuna nenhuma".

Se dúvidas houvesse sobre a importância que Rio dá aos Açores, a questão ficou devidamente clarificada em 2019, e é agora acentuada com a opção de Rui Rio em não vir aos Açores em campanha eleitoral. A este propósito muito se poderia dizer sobre o quanto (não) apoia a lista de candidatos do PSD Açores ou sobre o quanto (não) valoriza a autonomia, os Açores e os Açorianos.

Por mais que digam, ou façam, esta é a realidade e contrasta com António Costa que começou a campanha eleitoral nos Açores no passado domingo. E esteve nos Açores a dar a cara pelo projeto do PS no passado, no presente e para o futuro.

Apesar das dificuldades decorrentes da pandemia de que as últimas campanhas eleitorais têm padecido na transmissão das mensagens políticas tem sido possível avaliar os caminhos propostos por cada um dos partidos que se candidatam a estas eleições.

Ao longo destas últimas semanas foi possível relembrar aos menos atentos que a receita do PSD de"ir para além da troika" apenas nos conduziu a um agravamento das desigualdades sociais e à retração económica. E a verdade é que havia e há um caminho alternativo. Tanto havia que em 2015 o PS iniciou esse percurso alternativo. Nos 4 anos seguintes, com o Governo de António Costa, virámos a página da austeridade. Foram 4 anos de crescimento e de redução das desigualdades sociais. Crescemos 7 vezes mais do que nos 15 anos anteriores e tirámos 400.000 pessoas da pobreza ou exclusão social.

Em 2020 fomos atingidos por uma pandemia que ainda lutamos para ultrapassar. Precisamos de virar a página da pandemia.

Resta saber se para ultrapassar mais esta crise queremos a velha receita do PSD ou prosseguir o caminho com o PS na liderança.

Queremos um Serviço Nacional de Saúde pago pela classe média? A este propósito António Costa num debate televisivo impeliu Rui Rio a explicar aquilo que dizem as entrelinhas do seu projeto eleitoral. Resultou claro que o PSD pretende passar de um SNS tendencialmente gratuito para um SNS pago pela classe média. A mesma classe média que dizem esmagada, é a escolhida pelo PSD para pagar pela Saúde.

Queremos a estagnação do Salário Mínimo? Importa relembrar que o PSD se apresentou sempre, mesmo em 2019, contra o aumento do salário mínimo, acenando com o papão das falências das empresas. Nos últimos anos, com os Governos do PS, foi possível aumentar em 50% o salário mínimo e garantir a sustentabilidade das empresas. Queremos dignificar o trabalho e combater a pobreza ou queremos cavar o fosso das desigualdades, com uns poucos cada vez mais ricos e muitos cada vez mais pobres?

Queremos funcionários públicos melhor remunerados? Para o PSD os funcionários públicos são muitos e prestam um mau serviço. Para o PS continuamos a precisar de valorizar as carreiras na função pública, não só dos médicos, dos enfermeiros e dos professores, mas também dos técnicos superiores da carreira geral da função pública. António Costa assumiu essa necessidade e a vontade de avançar nas negociações com os representantes dos trabalhadores.

Acredito que "temos que recuperar a economia e construir um Portugal mais verde, mais justo e mais inovador" e isso só é possível com uma maioria estável do Partido Socialista.