Opinião

Para que serve o “meu” voto?

Desde 2015 é esta porventura uma das grandes interrogações dos eleitores: para que serve o “meu” voto?

Os partidos estão a ser claros, exceto numa situação: se o PS não conseguir o apoio dos outros partidos da esquerda, o PSD está disponível para o apoiar? E o PSD se não conseguir o apoio dos outros partidos da direita, o PS estará disponível para apoiar o PSD?

Os debates não têm esclarecido esta situação, tudo para que não se perca a captura do dito voto útil.

Estas interrogações cada vez fazem mais sentido, a avaliar pelas “linhas vermelhas” que os pequenos partidos riscam.

 

António Costa o cidadão mais bem preparado

António Costa mostrou-se, ao longo dos mais de 15 dias de debates com as forças políticas representadas no parlamento, o cidadão mais bem preparado para governar Portugal.

Pode-se discordar das posições políticas do PS, mas não é possível discordar que António Costa é o melhor cidadão, à data, para governar Portugal.

 

Um combate de todos contra um

Na passada segunda-feira realizou-se um debate importante para os portugueses. Um combate de todos contra um.

Neste combate, António Costa não esteve no seu melhor desempenho. Assim, como Rui Rio. Porém, Costa demonstra serenidade e visão. Um dos dois poderá ser o próximo primeiro ministro. Ambos perderam um bom momento para se destacar entre uma esquerda que nos atirou para a crise política que se vive e uma direita que é condicionada pela extrema direita e o partido liberal.

 

Pequenos partidos: esquerda sem rasgo de inovação e um liberal que é novidade

De uma esquerda à esquerda do PS que repete posições, sem qualquer inovação que se exige, sendo a exceção o Livre; e uma direita, à exceção do Liberal, fomentado pelo fator novidade, embora sem o necessário contra-argumento das suas políticas, que repete argumentos conservadores.

 

O voto

Daqui a dias inicia-se o processo de voto antecipado. Os Portugueses irão iniciar a sua escolha. E a partir deste momento, começará a ser o resultado do “debate” efetivo.

O voto útil durante anos representava a escolha para o primeiro-ministro. No presente e após 2015 o entendimento passou a ser outro. Representa, desde logo, a possibilidade de entendimentos plurais parlamentares. António Costa poderá vir em 2022 provar do seu “veneno” em 2015, sendo que para os Portugueses esteve longe de ser veneno, mas sim o virar da austeridade e da estagnação económica.

É mais que certo que maiorias absolutas não acontecerão. Pedi-las é viver noutra dimensão. É bom que aprendamos a aceitar o voto útil dos portugueses como uma exigência para consensos políticos.