Opinião

Ómicron: grave mas mais benigna

Escrevo no dia em que, nos Açores, foram diagnosticados 523 novos casos positivos de covid-19 e em que mais uma vez decorreu a nível nacional a reunião no Infarmed que reúne peritos, políticos, membros do Governo e o Presidente da República para analisar a situação epidemiológica no país.

Destaco, do que nos foi dado a conhecer, que a nova variante ÓMICRON já é responsável por mais de 90% dos casos e que, sendo esta variante grave, é mais benigna que as demais. A benignidade é medida pelo número de internamentos (em enfermaria ou cuidados intensivos) e pelo número de óbitos. Em qualquer dos indicadores a nova variante é menos penalizadora.

Paralelamente a estes aspetos também foi avançado que se espera que o número máximo de casos seja atingido na primeira ou segunda semana de janeiro e que para cada pessoa infetada haverá 3 que vão necessitar de estar em quarentena faltando ao trabalho ou à escola.

"Nós podemos assumir que o total de pessoas que podem estar isoladas em quarentena pode variar entre 4 % da população a cerca de 12 % da população", salientou Baltazar Nunes.

Outro aspeto abordado foi a progressão da vacinação, quer da dose de reforço, quer das primeiras doses aos mais novos (dos 5 aos 12 anos) ou à restante população que não aderiu numa primeira fase. Reconhecido que está o sucesso do processo de vacinação em Portugal em termos de população abrangida, mereceu também referência por parte de vários peritos a observância de menos casos quer de internamento, quer de severidade da doença, na população com dose de reforço.

Este aspeto é para mim, de entre todos, aquele que deve merecer maior atenção. Deve ser melhorada e aprofundada a sensibilização da população mais velha para a dose de reforço, bem como dos pais para a vacinação das crianças entre os 5 e os 12 anos de idade. Naturalmente que compete a cada um decidir, mas deve decidir com base em dados científicos concretos e essa informação tem que chegar aos pais por especialistas e é nesse aspeto que o Governo dos Açores deve estar focado. Em potenciar a vacinação da dose de reforço, bem como das crianças.

Aliás, devia o Governo Regional ter aproveitado o facto de começar com atraso a vacinação das crianças para promover a sensibilização dos pais. Coisa que até agora não se viu.

É um facto que as declarações dos políticos a nível regional têm sido no sentido de apelar à vacinação, mas assumindo desde logo algum descrédito quanto ao sucesso. Digamos que é um apelo tímido e cauteloso. O Governo tem que apostar forte e deixar de se esconder atrás do insucesso da Madeira.

Deve o Governo dos Açores usar todos os meios de comunicação disponíveis, incluindo plataformas online, para, com a colaboração de peritos, promover a divulgação dos benefícios da vacinação. Mais do que saber se a pessoa x ou y se vacinou o que interessa é ouvirmos médicos e/ou cientistas de referência a nível regional ou nacional a esclarecer dúvidas e a eliminar preconceitos sobre esta matéria.

Outro alerta, a escola começa já para a semana, estamos preparados para assegurar aulas à distância no caso de crianças ou professores em isolamento? É que já se sabe HOJE que os isolamentos vão crescer em número e importa minimizar os impactos nas aprendizagens. Mais do que planos de recuperação de aprendizagens (que depois não se concretizam) o que interessa é prevenir, evitando males maiores.