Opinião

E que ação vai à fava, enquanto a ervilha enche?

" Ao pobre não prometas e ao rico não devas."
Ditado Popular

No lugar da competência em gerir bem o que se tem, há na verdade um logro do Governo Açoriano com a sua proposta de Plano e Orçamento para o próximo ano de 2022??(Talvez se note que não era pergunta, a primeira vez que o escrevi, mas...). Não direi fraude. Fraude, por definição, pressupõe a intenção de penalizar alguém. E apesar da fatalidade de se penalizar todo um povo açoriano, a intenção não é obviamente essa. Porém, e lamentavelmente, também não é de inconsciência que se trata. É de um logro consciente, ou de um embuste, se preferirem (e agora fica mesmo assim, estimados leitores, sem quaisquer pontos de interrogação). A sobrevivência política de meia dúzia de egos regozijados com o poder está, com a consciência fria destes, a ludibriar de promessas todo um povo açoriano. É mau. É mau demais. E a questão principal nem passa pelo endividamento da Região, apesar do seu dramático aumento e de este não se enquadrar propriamente naquele que, eventualmente, se poderia caracterizar como "investimento". Até porque há divida, como bem todos sabemos, verdadeiramente incontornável para que todo um retorno económico futuro possa realmente acontecer. Não. Pior. É por tudo aquilo que é prometido no Plano e que, afinal - sabendo-o muito bem seus autores - se terá à disposição muito menos do que a metade das receitas ali contabilizadas para ser cumprido. Ou seja, que promessas farão então parte da metade efetivamente a ser cumprida e que promessas farão parte da metade a ignorar? (Esta sempre foi escrita como pergunta...). Ninguém a salvo, meus amigos!...
Aproximando-se a toda a força mais uma época natalícia, diria mesmo que a qualquer cidadão Açoriano pode agora sair a fava! Por falar em fava, vamos então ao bolo-rei. Parece-me uma boa imagem, para além do nome. Temos então um bolo-rei, o conjunto de promessas inscritas no documento do Governo Regional. Nada aqui estaria de errado existindo realmente um bolo a repartir. Ora acontece exatamente isso: quem agora tem as mãos na massa tem também a perfeita consciência de que angariará ingredientes apenas para menos de metade da sua confeção. E a todos promete a totalidade de bolo repartido. Qual então o objetivo final do logro, perguntar-se-á o leitor, visto que muito em breve se verificará a perna curta da mentira a sair ao fundo do lençol? Resposta fácil: agradar, porém, por ora, não ao povo açoriano, mas sim a quem amanhã terá o poder de decidir se a caranguejola, afinal, se aguenta mesmo ou vai ao fundo, restando à tona umas borbulhinhas...
"'Tou certo, ou 'tou errado?!" - fica apenas a pergunta, agora ao estilo do Sinhorzinho...