Opinião

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Este tão insensível, cruel e desumano e-learning que às escolas foi imposto, terá sido aquele empurrãozinho tão desagradável e irritante quando tanto hesitamos para que, simplesmente e de uma vez por todas, entremos mesmo nas águas gélidas do mar. Foi como se nos roubassem o chão. A COVID definitivamente empurrou-nos, sem dó nem piedade, para esse mundo - o da aprendizagem com recurso ao virtual. Agora nele, em águas frescas, já não tão gélidas, nademos. E que então ultrapassado este tão doloroso primeiro impacto, que nos sirva agora para muitos mais mergulhos refrescantes e voluntários. É que, se desde já, e de pandemia ainda à solta, eu sem medos, me lançasse naquele tão precipitado vaticínio, seria então o de que nada substituirá o ensino-aprendizagem presencial. Isto é unânime. Eu nunca ouvi qualquer defesa do contrário. Mas atenção, atenção, outras portas lá se abriram. Ainda que sem substituições à vista, estará também em evidência clara de que os meios informatizados se assumem hoje como verdadeiramente indescartáveis em projetos educativos que se pretenderão substancialmente melhorados. O modelo imposto de e-learning rapidamente se deverá transfigurar num outro, absolutamente desejável porque incontornavelmente enriquecedor - o b-learning. O tradicional modelo presencial enriquecerá bastante, indubitavelmente, se, com ambas as mãos, bem agarrarmos um outro ainda, o modelo mais híbrido (automóveis à parte, claro está!).

Já se desbrava, enfim, e muito bem. E a "aula invertida", um exemplo, poderá afigurar-se, em fulgurante futuro, como de tal maneira frutífera que, como um fósforo, de estratégia de ensino virará modelo de ensino. É bem possível. E nada de confusões: não são os professores a fazer de alunos e os alunos a fazer de professores. São os alunos a desbravar, previamente à aula presencial, conceitos, temas e conteúdos com recurso às plataformas informáticas. Procuram, questionam-se, duvidam, interessam-se e depois, em presença do professor e dos colegas, desmistificam, debatem, compreendem, aprofundam e retêm. Terá seus perigos, obviamente, os seus defeitos, com certeza, mas mais virtudes, é garantido. A relação umbilical dos jovens com o digital é saciada. O desejo por aprender tem aqui nova forma de ser despoletado. Aquela aula expositiva, saturante e saturada, é refrescada. É ganho o tempo, muito tempo, que consolida e aprofunda. E a nossa aula mais querida, a nossa aula mais humana, aquela que é presencial, ganha então um outro élan, envolvimento e empatia.

Agora vá, é mergulhar! É mergulhar e é ver o fundo! É flutuar pelas correntes e é deixar-nos envolver pela frescura de outros tempos! Clickand... refresh!