Opinião

De consumidor a produtor digital

Vivemos, pela importância que hoje a sociedade reconhece no digital, um momento único para uma disrupção digital que se configure com um desenvolvimento inovador e para uma igualdade de oportunidades, com elevado grau de melhoria da qualidade de vida.

O grande desafio vai muito, muitíssimo, para além do equipar escolas, instituições públicas e privadas com material informático. O grande desafio é o de transformar o capital humano de consumidor a produtor de soluções digitais.

Não me refiro a fábricas de componentes ou algo semelhante. Refiro-me à criação de serviços a partir da incorporação digital criando soluções que sejam úteis ao cidadão.

Por estes dias foi notícia a apresentação do projeto computacional a implementar nas escolas da Região. Boa notícia! Desde 2019, por via da Flexibilidade Curricular, que nas escolas dos Açores a introdução da disciplina de TIC é de oferta obrigatória em todos os ciclos do ensino básico e o projeto-piloto Atelier do Código foi iniciado em todas as escolas do 1.o e do 2.o ciclo dos Açores, para que crianças tivessem acesso às aprendizagens de linguagens de programação.

Todas estas iniciativas são promissoras, mas não podemos aguardar por um ciclo de geração de jovens para que possamos inovar em serviços digitais para criar valor acrescentado do setor primário ao terciário. Se esperarmos continuaremos a importar soluções de outros, em vez de consumirmos e exportarmos para outros.

Ao escrever este artigo forcei-me a rever um documento escrito e enviado à Secretaria da Educação, a 2 de junho de 2015, por um conjunto de professores, onde me incluo, com desenho de abordagem por ciclos versus as competências da sugerida disciplina de Ciência da Computação. Um dia avançaremos de TIC para Ciência da Computação. Até lá, resta, ou talvez não, aguardar que a certeza técnica combata (e ganhe) a incerteza política.

É preciso agir já! Quer por reforçar o que existe, como por exemplo o projeto Tech Island, ou por novas abordagens para formar adultos em todas as ilhas para o pensamento computacional com integração profissional - mas sem erros de massificação, como sendo uma solução para reduzir a taxa de desemprego.

É, por isso, urgente um programa de formação para adultos para o pensamento computacional. O ativo Secretário Regional, Duarte Freitas, pode bem agarrar esta evidente oportunidade e necessidade, já que, ao que se vê, por parte da Secretária que tutela a transição digital pouco se pode esperar, além da sua mais que evidente remodelação.