Opinião

(A ciência a voar baixinho)

Eis que chegados a junho estamos no tão desejado verão... Porém esta primavera deixou saudades. O calor ameno, os dias mais longos, o verde e o colorido das flores que brotam e animam os nossos dias. Receber o verão na cidade da Horta, com a ilha do Pico como pano de fundo e com São Jorge a espreitar timidamente, é qualquer coisa de extraordinário. É mágico. A imponência de sua majestade - a Montanha - que, diz o povo, anuncia bom tempo, mau tempo, ventos e tempestades.
Escrevo estas linhas em pleno verão e véspera de São João. Sou assaltada pela nostalgia de tempos que já passaram, de muito trabalho, mas de alegria maior. Da juventude que perdemos todos os dias, mas que recuperamos com a dos nossos filhos. Os jovens de hoje.  Os que estudam, que querem regressar, que querem trabalhar, que, não tarda nada, querem ter a sua família. E somos nós, os adultos de hoje, que muitas vezes nem a linguagem dos jovens entendemos, a quem compete proporcionar e atender a essas necessidades como pais, professores, políticos.
Não pode ser ignorado que este plenário foi um bom exemplo dessa preocupação, que se quer permanente, de ir ao encontro das necessidades dos jovens açorianos nas diversas fases da sua vida. Marcado por 5 iniciativas legislativas dirigidas aos jovens 3 delas apresentadas pelo Grupo Parlamentar do PS, uma pelo BE e outra pelo CDS, todas elas aprovadas.
Uma das iniciativas apresentadas pelo PS, abordei no artigo da semana passada, propunha a adoção de medidas de apoio à qualificação de jovens que não estudam, não trabalham, nem estão em formação. Outra estabelecia a criação de um regime de apoios extraordinários a jovens estudantes, que se encontram deslocados da sua residência, como resposta às dificuldades acrescidas pela pandemia, que atravessamos e que impacta negativamente no rendimento das famílias e na sua capacidade de manter os filhos a estudar. A terceira proposta foi o prolongamento do Estagiar L e T, por mais 9 meses, permitindo aos jovens integrados nestes programas prosseguir neste regime e assim promover a estabilidade da sua integração nas entidades, que os acolhem, sejam elas públicas ou privadas.
A proposta do CDS recomendou ao Governo a adoção de medidas de apoio à renda dos estudantes deslocados, bem como a criação de um Gabinete de Apoio ao Estudante Deslocado, e a  do BE, embora não dirigida exclusivamente a jovens, pretendia reduzir o período experimental de 6 para 3 meses, como forma de combater a precariedade e promover a emancipação dos jovens.
Como estamos em final de ano letivo, notas da participação do Governo nos debates. Positiva à Sra. Secretária Regional da Educação que, sem hesitar, perante uma iniciativa do partido que a suporta, revelou com verdade e precisão que as únicas duas escolas cujo processo de remoção de amianto não foi concluído já têm processos de empreitada, iniciados pelo anterior Governo da responsabilidade do PS. Negativa à Sra. Secretária Regional da Cultura, Ciência e Transição Digital, que perante uma iniciativa dela própria(que propõe a alteração de um único artigo à legislação relativa ao licenciamento de atividades espaciais) volta a voar baixinho, ignorando onde fala, para quem fala e o lugar que ocupa. Já começa a ser tradição defender-se da sua total incapacidade em dar resposta (que me perdoem os mais sensíveis) escarnecendo da Assembleia e dos Deputados.
Pode até ser popularucho e, servir para sacar umas palminhas, desconsiderar os deputados, mas a mim só me ocorre (em "linguajar inglês"): "Shame on you" Sra. Secretária!!!