Opinião

Celebrar

A primeira segunda-feira do Espírito Santo é feriado regional, em comemoração do Dia da Autonomia, o mesmo é dizer dos Açores.
Porque falar em Açores não é apenas referirmo-nos a uma realidade geográfica pré-existente, mas cada vez mais a uma conformação política e cultural, em que História e Geografia se caldearam, mais a vontade e aspiração de autogoverno dos açorianos, e que por sua vez se precipitaram em povo açoriano. Como aliás proclama e reconhece o preâmbulo do nosso Estatuto.
Processo dinâmico e em construção, o movimento autonomista nasceu historicamente datado, com reivindicações concretas e em algumas ilhas. E foi-se consolidando em novos paradigmas, mais globalizantes: para todas as ilhas e para todos os açorianos. Respondendo em cada momento histórico às necessidades e aos desafios, aprofundando uma identidade que, em cada tempo, procura dotar-se dos instrumentos necessários e dos recursos bastantes para garantir esse autogoverno, enfrentar as adversidades e assegurar modos de vida digna para todos em todas as ilhas.
A unidade para lá do horizonte e a preservação das especificidades com abertura ao mundo, depois do que o nosso mar lobriga, são elementos intrínsecos ao processo autonómico. A celebração pelo muito caminho feito e a reverência aos seus desbravadores mais nos obriga a prosseguirmos na senda de novos desafios e ambições, sendo dignos do legado e construtores do futuro.
É por isso que uma rememoração traz sempre ínsita a renovação dum compromisso: que os ritos sejam sobretudo a confirmação da firmeza dos princípios e a busca incessante de novas soluções concretizadoras. E que estas nunca desmintam aqueles.
Também naquilo que a livre administração dos Açores pelos Açorianos implica de responsabilidade, de exigência e de risco. E na indispensável convocação de todos para o exercício, aqui, da sua cidadania.