Opinião

Humildade?

 

Quem sabe se inebriado pela recente e inesperada conquista do poder, o triunvirato que se alcandorou, com o apoio liberal e da extrema-direita, já julga que tudo pode. No último mês, e para além do desnorte no combate à pandemia, vimos um deputado anunciar, sem qualquer pudor, a distribuição de dividendos numa empresa pública. Se tal ocorresse com a anterior maioria, o mesmo, estridente, rasgaria as vestes de indignação. Outro, que há pouco tempo era vereador pelo PSD - e agora é líder de um partido de conveniência para sustentar a atual solução -, anuncia uma remodelação para depois das eleições autárquicas. E, num mês pródigo em encontros e desencontros, - um dos quais com estrépito em conselho de governo -, até da sede do Parlamento se serviram para apresentar uma candidatura autárquica. Da próxima vez que encher a boca para o auto elogio fácil e para se proclamar como o mais humilde dos virtuosos, conviria ao chefe do governo lembrar-se de um dos muitos ensinamentos de Séneca: “o exemplo convence-nos mais do que as palavras”.