Opinião

A mente e o físico exigem. A alma também.

A pandemia COVID-19 transformou os nossos hábitos da prática do culto e do lazer, retrocedendo anos da evolução do Homem na sua vida em sociedade.

No artigo da semana passada referi que a gestão governamental na 2a fase da pandemia teria que ser, forçosamente, diferente da 1a fase da pandemia - assegurando novas respostas ao nível económico, neste caso as medidas apresentadas são positivas, mas não suficientes, e ao nível social, por exemplo, o apoio à família não deveria ser apenas para algumas famílias - está limitado a 3,5 ordenados mínimos. Por parte da população, a gestão da pandemia deve ser idêntica em ambas as fases, ou seja, manter comportamentos preventivos e responsáveis.

Vem o título deste artigo a propósito das restrições e exceções, na prática do culto, nas iniciativas culturais e na prática desportiva.

 

Culto

Para os crentes, a religião “exige” o culto, como um momento de conciliação connosco e com os outros, mesmo que a “paz de cristo” se manifeste apenas com olhares e palavras. A alma exige momentos de celebração, pela participação na missa, na elevação da alma a Deus, na casa Dele. A igreja cumpriu de forma escrupulosa as orientações da Saúde aquando da 1a fase e hoje, em plena 2a fase, os crentes frequentam as missas e cumprem as normas - exceção para os incautos nas celebrações para além do culto. Este ritual é essencial para a mente e a alma dos crentes.

Cultura

O gosto pela cultura, o ver, ouvir e ler, que nos eleva o sentir, são ações que enchem a mente, que nos transformam e aumentam o nosso ser, quem somos e o que fazemos. O acesso à cultura revigora o pensamento, a crítica e tantas vezes potencia a sensatez e o silêncio inteligente. Um corpo sem o exercício da cultura esvai-se no tempo e fica a vacuidade. As atividades culturais nesta fase nunca deveriam ter sido suspensas, deviam sim ser mantidas com o cumprimento das normas, com horários reorganizados. A cultura alimentam-nos e educam-nos.

Atividade Física

A prática desportiva, individual ou coletiva, ao ar livre ou nos ginásios, é essencial para o bem-estar físico e mental. Ao ser proibida é um duro golpe na situação financeira das empresas, mas é acima de tudo, no bem-estar das pessoas. As consequências da pandemia são gritantes no sedentarismo e o encerramento de ginásios foi um erro, onde não há qualquer evidência de que os ginásios sejam fontes de contaminação - aliás quem frequenta ginásios atesta o rigoroso cumprimento das normas de segurança.

Das missas, às atividades culturais e à frequência de ginásios ou a prática de desporto, as enchentes de pessoas não as caracterizam.

Importa discernir o acessório do essencial. A nossa saúde física e mental está em causa. O culto é seguro. A cultura é segura. A prática desportiva é segura. Pela nossa sanidade, e mesmo já tarde, queira o Governo decidir pelo que é seguro, separando o acessório do essencial, e não optar pelo medo.