Opinião

O que queremos para 2021

Todos os povos do mundo estão à espera que as vacinas já descobertas ajudem a erradicar a pandemia, que a todos tem causado sofrimento, doença e morte; independentemente da geografia, do sistema político, do nível social e económico, da idade ou orientação sexual, da religião ou credo, da raça ou etnia, da cultura ou civilização, não há quem não queira para 2021 mais saúde; que haja muita saúde, porque essa nunca é de mais. É um bem superior. Podemos mesmo hiperbolizar o desejo: que nos “matem” com saúde!
Depois, todos querem mais economia, porque é a essa que está associado o rendimento de que mais precisamos para assegurar as condições mínimas de bem-estar, seja este medido com indicadores do nível ou da qualidade de vida, sendo o proveniente do trabalho aquele que maior significado tem, não sendo desprezível o oriundo da propriedade ou até mesmo do capital, pois, a melhoria da economia a todos vai demandar um esforço suplementar.
Contudo, para aqueles que passaram parte do seu tempo, nas empresas, nas universidades, ou mesmo nos governos a defender a tese de que - a economia era a medida de todas as coisas -, mais uma vez ficaram a saber, que, sem saúde, tudo o mais perde interesse e tudo o mais até pode ser o mínimo, pois, como dizem os nossos familiares mais antigos, “mais vale comer menos uma vez, do que cair de cama”.
O Covid-19 que nos chegou da China, como podia ter chegado de qualquer outro país, porque, em tempos de globalização, algumas doenças não deixarão de ser globais, sendo que, este vírus teve a “gentileza” de mostrar uma verdade que nos é muito querida, que faz corrente de pensamento das grandes filosofias metafísicas, que se apresenta como doutrina de fé nas maiores religiões do mundo, mas, que por vezes esquecemos com facilidade: não é só no princípio e no fim da vida que somos mais iguais, também o podemos ser no entremeio, só é pena tomarmos consciência disso quando ficamos sujeitos a contextos extremos, como o que agora estamos a viver.
Neste sentido, até as nossas Igrejas de maior institucionalização, não deixaram de sentir algum telúrico nos alicerces das suas verdades absolutas; algumas, face à pandemia ficaram mesmo com a sensação de alguma “inutilidade”, enquanto, outras apresentaram-se de tal modo incrédulas nas suas ações e mensagens, que ainda hoje, em tempo de Natal e Ano Novo, parecem perdidas nas pontes que separam as “cidades dos homens” da “cidade de Deus”.
Aliás, foi tal o impacto que a pandemia teve nas nossas vidas que até as ideologias políticas mais convictas, assentes em valores e princípios socioeconómicos, que se consideravam incontornáveis para a fundação de projetos de mudança e de busca do “homem novo”, que a maioria delas nesta crise nem sentiu os rubicões que as separavam; pois, salvo os iliberais irresponsáveis da América, de um modo geral, os diferentes sistemas políticos do mundo foram adotando idênticas medidas de saúde pública e de minimização dos impactos económicos advindos dos respetivos contextos pandémicos. Na História, os factos não se repetem, mas sim os ensinamentos, e às vezes estamos tão inebriados com os primeiros, que descuramos a atenção dos segundos!
De imediato, apenas três coisas temos como certas: a primeira, que é preciso vacinar em força (as primeiras vacinas chegaram ontem aos Açores!); a segunda, que depois desta pandemia, e da crise que lhe sobreveio, as nossas vidas não voltarão a ser como dantes e a terceira, que temos de ter como certo, que outras pandemias se seguirão!?
Um Bom Ano de 2021 para todos!