Opinião

Tele… Quê?

A Pandemia, ao quarentenar um enorme número de pessoas, aumentou exponencialmente o recurso às novas tecnologias, ao teletrabalho e à teleformação. Mas, além da óbvia sedução, algumas provocações… O teletrabalho, pela inédita dimensão que atingiu, não deixa, porém, de colocar novos desafios e problemas, e de revelar algumas limitações. Para além de implicar uma disponibilização, por parte do trabalhador, de equipamentos, utensílios , internet e energia que eram classicamente responsabilidade da entidade patronal; para lá do risco de promiscuidade entre espaço privado e espaço relativamente devassado; para além de potenciar o esbatimento das barreiras entre tempo de trabalho e tempo livre, e o consequente direito a “desligar” – convém não menosprezar o sentido de pertença e de solidariedade entre trabalhadores, que só a irmandade física possibilita e que foi tão importante para a conquista de direitos, a afirmação do Direito do Trabalho e a consolidação do Estado Social - um mundo cinzento de “telecolaboradores” comporta riscos acrescidos à organização destes, à sua reivindicação e consequente generalização do direito a uma vida digna e potenciará mesmo o aumento das desigualdades. Para além de, e não só nos serviços públicos e no seu acesso, o uso tendencialmente expansivo das novas teleferramentas, se não for devidamente regulado, criará novas formas de discriminação e limitações de acesso a bens e serviços essenciais, por parte dos “info-excluídos”, reforçando e agravando as já pré existentes desigualdades -- e vai levando ao incremento exponencial do cliente/colaborador/pagador – exército que alegremente já incorporamos, já trabalhando todos para os “nossos” Bancos e outras Corporações, enquanto as taxas e comissões aumentam …