Opinião

O futuro da agricultura

No final da passada semana a Associação Agrícola de São Miguel realizou mais uma edição (a 5.º) do concurso de outono Holstein Frísia. Tal como em anos anteriores tive oportunidade de participar no evento. Este ano acompanhei o concurso para melhor apresentador jovem e adulto e estive posteriormente presente na cerimónia de entrega de prémios. Estes concursos revestem-se da maior importância, quer pelo que significam de envolvimento e comprometimento dos produtores micaelenses com o aperfeiçoamento genético dos seus efetivos, nesta edição estiveram a concurso 190 vacas de 60 explorações, quer pela demonstração de vitalidade e perenidade do setor agropecuário micaelense evidenciadas pela participação de dezenas de jovens na preparação e na apresentação dos animais. Uma das características mais marcantes destes concursos é a presença das famílias. Muitas vezes vemos filhos, pais e avós empenhados nas apresentações e depois juntos a celebrarem as vitórias. A verdade é que o rejuvenescimento do setor agropecuário açoriano é não só a melhor garantia da sua continuidade como constituiu também um importante sinal da sua capacitação para acolher novas técnicas, ferramentas e modelos de gestão. A este propósito as estatísticas confirmam o que assistimos frequentemente. Os Açores têm uma das taxas mais elevadas de participação de jovens na atividade agrícola. Sendo que recentemente o Governo Regional referiu que 5% dos jovens agricultores açorianos têm formação superior, algo muito relevante, que merece ser incentivado e apoiado. Para além do efetivo animal geneticamente aperfeiçoado, da capacitação dos agricultores, do acesso a tecnologia e a ferramentas, está o clima. E este vimos no passado verão com a seca que vivemos nos Açores, carece de atenção que mais não seja para nos dotar de capacidade de antecipação. As alterações climáticas são uma questão global, que a todos tocará. Vem isto a propósito da conferência de lançamento do “Copernicus para as Regiões” de que fui anfitrião no Parlamento Europeu. O Copernicus é o Programa de Observação da Terra da União Europeia, oferece serviços de informação baseados na observação da Terra via satélite e dados in situ (na terra). Alguns destes dados já estão a ser aplicados na agricultura, dotando-a de mais precisão. O Governo dos Açores faz parte desta rede, atualmente via Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço em articulação com o Fundo Regional para a Ciência e Tecnologia. O programa é coordenado e gerido pela Comissão Europeia e implementado em parceria com os Estados-Membros, a Agência Espacial Europeia (ESA), a Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT) e o Centro Europeu de Previsão Meteorológica a Médio Prazo (ECMWF). Muito tem sido feito quer no rejuvenescimento do setor agrícola regional quer, ao nível europeu, na disponibilização de informação aberta e acessível que possa fazer a diferença para uma agricultura mais eficiente, mais sustentável e em virtude disso mais rentável. Estamos assim, em condições de intensificar a inovação na agricultura. É este, porventura, um dos maiores desafios deste tempo. ♦