Opinião

A visita a repetir

Na semana passada o Governo dos Açores, no formato visita estatuária, esteve na ilha de São Miguel. Cumpriu-se na totalidade: visitas a instituições e locais, inaugurações, atendimento à população - Ribeira Grande e Povoação - e a presença e respostas ao conselho de ilha. Esta visita foi politicamente muito importante.Em São Miguel, Terceira e Faial, não se realizam as tradicionais visitas estatutárias por serem ilhas com sedes de Governo. A proximidade destas visitas faz todo o sentido e Vasco Cordeiro mostrou-se como “um peixe na água” em todas as áreas e na proximidade com o povo. 1 - O povo e o Governo: foi politicamente relevante e manifestou-se um grau de maturidade da nossa democracia, ver a população a apresentar as suas reivindicações ao Governo. 2 - Os representantes setoriais e eleitos e o Governo: à mesma mesa no conselho de ilha - para bom recordar, a constituição deste órgão acontece por pressão do Partido Socialista nos órgãos da Câmara Municipal de Ponta Delgada - é politicamente e socialmente relevante pela oportunidade de reivindicar os interesses de São Miguel. Do crescimento da economia, à coesão e convergência social em todos os concelhos. O investimento para a ilha de São Miguel é de 280M€ (num orçamento de 763M€). Realço a boa intervenção de Jorge Rita, que trouxe os assuntos da agricultura de São Miguel por oposição ao parecer, distribuído aos conselheiros, de âmbito regional. 3 - Na pobreza e exclusão social privilegiou-se uma abordagem regional em detrimento da de ilha. Uma má opção, desde logo pela merecida atenção ao concelho da Ribeira Grande que é o concelho mais jovem, com maior incidência de RSI e com uma distribuição de riqueza disforme. Por esta razão é incompreensível que a autarquia da Ribeira Grande não tenha participado na consulta da elaboração da Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social.Ganha-se votos fomentando a pobreza? Será essa a razão da não participação na estratégia? Uma visita a repetir. Ficando para o futuro duas esperanças: a primeira, que os deputados do PSD de São Miguel não se isentem de participar no programa de visitas à ilha, o que demonstra um profundo desrespeito pelos micaelenses; e a segunda, que a próxima reunião do conselho de ilha de São Miguel privilegie os temas de interesse micaelense, dignificando este órgão e quem representam.