Opinião

Por nós as pessoas

1 -"TORNAR AS NAÇÕES UNIDAS MAIS EFETIVAS" -a intervenção do Secretário Geral das Nações Unidas e dos vários líderes mundiais geram sempre grande expetativa aquando da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e este ano não foi exceção. Este é o momento em que se reúnem os líderes dos 193 países que compõem a ONU. António Guterres, Secretário-Geral da ONU, foi perentório no compromisso de reformar e tornar a ONU mais efetiva em responder às necessidades e às aspirações de "nós as pessoas". A luta é contra o "défice de confiança" que o mundo vive, é contra o crescimento da polarização e do populismo, num momento em que a ordem mundial está cada vez mais caótica e o "multilateralismo está sob fogo precisamente quando precisamos mais dele". E conclui "não há nenhum caminho a seguir que não seja a ação coletiva". Em contraponto, o Presidente dos EUA, Donald Trump, rejeita a ideia do globalismo e aplaude a "doutrina do patriotismo". A posição norte-americana não mereceu os aplausos de Portugal, dado ser contrária ao nosso posicionamento, como bem referiu o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa: "Portugal entende que a ação multilateral, o diálogo político e o bom senso diplomático são o único caminho possível para a convivência entre as nações e os povos", indo assim de encontro à posição de António Guterres. 2 - PORTUGAL NA DEFESA DO MULTILATERALISMO-esta semana realizou-se mais um debate quinzenal com o Primeiro-Ministro, António Costa, e os membros do Governo. Em nome da bancada do Partido Socialista defendi a afirmação do multilateralismo como um dos eixos da política externa e o contributo ativo que Portugal tem tido para o fortalecimento do papel da Europa no mundo. A base da nossa ação externa tem como objetivo dar resposta às necessidades e aspirações das pessoas, dos portugueses, dos nossos emigrantes. É assim quando falamos da visita de Estado a Angola, bem como quando assinalamos a ação do Governo na defesa da nossa comunidade na Venezuela. Os resultados alcançados com a ida do Primeiro Ministro a Angola são, não só, um momento alto para a economia portuguesa, mas acima de tudo um momento alto para os muitos milhares de portugueses e respetivas famílias que viveram na incerteza nos últimos meses. Esta visita foi, sem dúvida, um novo marco na parceria e cooperação estratégica entre os dois países e pode servir para alavancar a relação entre a Europa e África, que foi definida pelo Presidente Juncker como a nova aliança estratégica fundamental para estancar desafios que, hoje, vivemos como a imigração, refugiados ou o terrorismo. Portugal pode, sem dúvida, ter um papel pioneiro no reforço desta relação entre a União Europeia e África, como aliás foi reforçado pelo Presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, no encontro com o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, em que tive o privilégio de representar o nosso líder parlamentar, o deputado Carlos César. Num outro plano, infelizmente bastante mais sensível e problemático, a ação do Governo Português tem sido centralizada na defesa da nossa comunidade emigrante, falo da Venezuela. No debate com o Primeiro Ministro reforcei a nossa preocupação para com a situação dramática com que vivem centenas de milhares de portugueses e luso descendentes na Venezuela, devido ao agudizar da instabilidade política, económica e social, que já vai demasiado longa e cujas consequências têm vindo a ganhar proporções alarmantes. Há, contudo, a boa notícia da libertação da totalidade dos portugueses que tinham sido recentemente encarcerados no âmbito das ações policiais por parte das autoridades venezuelanas, que resultou da forte posição assumida pelo Governo português. 3 - AP NATO- a subcomissão para o Futuro das Capacidades de Segurança da Assembleia Parlamentar da NATO da qual sou vice-presidente reuniu, esta semana, em Lisboa, para discutir as prioridades de Portugal na defesa e segurança no século XXI. Foi um encontro importante para dar a conhecer os desafios que Portugal enfrenta e a aposta que a nível nacional tem sido feita para contribuir para a manutenção da paz no mundo, com destaque para as 9 operações de paz e de capacitação da NATO em que Portugal participa, destaque para o trabalho desenvolvido pela STRIKFORNATO, com sede em Oeiras, que tem como uma das suas funções o comando e controlo da defesa antimíssil da Europa, sem esquecer a aposta na segurança marítima com a criação, nos Açores, do Centro para a Defesa do Atlântico.