Opinião

O tempo (nem sempre) é o da política

Decorria o mês de outubro e rumores do encerramento do IMAR tomavam forma. Bastou dois meses para a culpabilização do Governo na matéria: o Programa Nacional de Recolha de Dados(PNRD) seria descontinuado pelo IMAR , uma vez que o Governo Regional não estava disponível para realizar protocolo para a sua continuação. Consequência imediata? Despedimento dos técnicos e investigadores. Consequência no pós imediato? A recolha dos dados como elemento biológico importantíssimo para a política do mar a nível regional e nacional, com impacto europeu, não seria assegurada. O fundamental da “história” conta-se em poucas palavras: quem financiava o PNRD? O financiamento era de 100% por um fundo europeu, sem responsabilidade do Governo regional; qual era a única entidade elegível, até 31 de dezembro de 2017, para a recolha de dados biológicos? Era o IMAR; e a recolha de dados no ano de 2018? Foi uma opção do IMAR não se candidatar ao programa, o que levou o Governo Regional a procurar alternativas para garantir a recolha desses mesmos dados, evitando a penalização de Portugal. Passados sete meses, e após audições de responsáveis na matéria, ficou claro que a descontinuação da realização do PNRD foi uma opção de gestão do IMAR; o despedimento de técnicos foi uma opção de gestão do IMAR; e a não candidatura para o próximo ciclo do PNRD, foi uma opção de gestão do IMAR. O tempo dos esclarecimentos e das responsabilidades nem sempre é o da política. Curiosamente já não se fala do IMAR ou (do mais importante) o património da investigação na área do mar realizada pelo IMAR - associação privada onde a Universidade dos Açores é associada - e para o futuro que organismo terá essa responsabilidade? - o Okeanos, centro da Universidade dos Açores, aguarda acreditação. O património científico é algo a não descurar. Parece já não interessar aos partidos da oposição o desemprego de técnicos, porque afinal os investigadores são quadros da Universidade dos Açores ou o PNRD. O pior da política é a sua efemeridade e o oportunismo sobre esta. O tempo dos factos e da boa decisão nem sempre é o da política. Exige paciência, mas, a bem da verdade e da justiça , parece de pouco interessar. Propostas em tempos de conflitos e greves Há duas propostas políticas para a contabilização do tempo de serviço entre 1 de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2017. São propostas oportunistas. E os professores , como uma das classes com poder de reflexão e conhecimento, sabem-no. Proposta que é proposta com o objetivo para resolver situações não aparece à boleia de conflitos e greves. Aos professores poderá ser indiferente, desde que resolva a sua situação. A uma sociedade pensante, não. As propostas são fruto de análise estrutural.