Opinião

Ilhas zero, não!

Seria fácil imaginar, e com todo o direito, a contestação dos cidadãos nas oito ilhas dos Açores se os serviços médicos, educacionais, culturais e sociais, assim como lotas, aerogares, caminhos agrícolas, portos, marinhas, habitação social, políticas de juventude, de empregabilidade e empresariais, respostas públicas na proteção civil, na investigação, nos centros de ciência e ambientais e na digitalização territorial, apenas e só se ficassem por uma ilha: São Miguel. E a contestação poderia subir de tom, ao contrário, se para justificar essas mesmas respostas públicas para além de São Miguel, se se apontassem os dados estatísticos de produção. São Miguel é a ilha que mais contribui na proporção do PIB de cada ilha no PIB regional, dados de 2015, disponíveis no SREA - Serviço Regional de Estatística dos Açores - apontam para 57,5%, onde de Santa Maria ao Corvo o valor varia de 0,25%(Corvo) e 22,1%(Terceira). Paradoxalmente ambas as contestações poderiam fazer sentido num outro modelo de desenvolvimento, que não aquele que os Governos Socialistas implementaram. O modelo de desenvolvimento nos Açores assenta no garante de serviços e acessibilidades a todos os Açorianos, independentemente da sua comparticipação na riqueza produzida no arquipélago. Não há lugar a comparativos absurdos, nem ilhas zero. Investimento público é, também, a parte que cabe ao Governo no garante de respostas públicas para que a responsabilidade do cidadão se torne efetiva, por exemplo, pela procura ativa de emprego, o primar por ter hábitos de vida saudável e o sucesso educativo, o seu e dos seus descendentes. Foi conhecimento de todos os Açorianos o peso da dívida pública açoriana em 2017, que é de 41,6 por cento do PIB. A dívida pública é, também, um instrumento de coesão e de civilização, representando a garantia de serviços e melhores acessibilidades às respostas públicas a cada Açoriano independentemente da ilha onde vive e da sua capacidade de produção. O peso da dívida pública açoriana é menos de metade da média da União Europeia e menos de um terço daquela que se verifica no todo do país, mesmo com o fator ultraperiferia. Nove ilhas, têm, quando se prima por uma análise justa, um peso muito considerável nas opções estratégicas e, com razoabilidade, enquadradoras no território. Todo o Açoriano sabe-o bem e ambiciona, naquela que é a união que nos caracteriza, que nenhuma ilha seja ilha zero.