Opinião

Falemos dos desafios e potencialidades dos Açores enquanto região ultraperiférica

Em conformidade com o artigo 349, reconhece-se a necessidade de conceber medidas específicas para dar resposta aos desafios das Regiões Ultraperiféricas, quer seja o afastamento geográfico, a insularidade, a pequena dimensão, a topografia, as condições edafoclimáticas, entre outros. Todavia, estes constrangimentos não podem nem devem ofuscar o potencial que as mesmas detêm. E cabe-nos a nós afirmar a nossa singularidade e potencial nos diferentes sectores. Os desafios das RUP consistem em serem capazes de competir e integrar-se num mundo globalizado, contudo a nossa posição transatlântica é, sem dúvida, um trunfo e um ativo muito importante no contexto europeu que devemos usar e abusar a nosso favor. No fundo, há que encontrar um espaço e uma posição na economia global, enfatizando a nossa exclusividade em matéria de produção agroalimentar, tirando partido dos efeitos da globalização e evitando os constrangimentos de sermos uma RUP. Para isso, há que encontrar formas de nos tornarmos mais resilientes e competitivos, através de medidas concretas. A estratégia que melhor nos serve no contexto europeu e na futura PAC, será a de construção de um crescimento económico-social resiliente inclusivo e sustentável. Há que estimular um crescimento suportado pela inovação, pela defesa dos nossos recursos naturais e ambientais, bem como abraçar as novas tecnologias numa efetiva modernização agroindustrial. Façamos uma aposta clara na especialização inteligente e na cooperação inter-regional, explorando uma posição de complementaridade e potencialidades de outras regiões, reforçando sinergias de investimento entre o setor privado e o público, estreitando relações e laços, promovendo um planeamento conjunto de projetos chave, com vista ao desenvolvimento de novos produtos e serviços. Exploremos as nossas características geográficas e geológicas a favor das condições excecionais no campo da investigação e inovação em setores de futuro, como a biodiversidade, os ecossistemas terrestres, energias renováveis, impacto ambiental e preservação do solo. Afirmo igualmente que o futuro passará pelo investimento nos domínios da economia circular, economia azul, energias renováveis, turismo responsável, e afins. Em suma, os Açores devem continuar a apostar em especializar-se nos setores que lhe oferecem mais potencial de crescimento e diferenciação. No fundo, queremos continuar a trilhar um caminho de crescimento sustentado e diversificado, de criação de novas oportunidades para todos os cidadãos, de criação de emprego efetivo, de estabilidade social e económica em especial, a partir dos setores da agricultura e do turismo, entre outros. Em jeito de conclusão e ponto de ordem, afirmo que enfrentar os desafios de cabeça erguida, com pé firme na terra e olhos no futuro é a melhor forma de entrarmos no pós-2020.