Opinião

O que esperam de nós?

“Os nós” são os deputados. Concluída que está a primeira sessão legislativa, 1⁄4 do mandato parlamentar e político já pode ser avaliado. A avaliação não se medirá, digo eu, pelo número de requerimentos – sendo logicamente uma das funções dos deputados, fiscalizar a ação governamental e os requerimentos um desses instrumentos – mas concretizam-me muito mais pela via da propositura responsável, a intervenção junto da sociedade, os debates de ilha (inexistentes nesta sessão legislativa), mais debates sectoriais - não só para criticar mas apresentar soluções, consequentes em forma de instrumentos legislativos - e pela qualidade dos plenários. Há muito que o tempo da política do “rasgar” já não é aceite pelo cidadão. O caminho a trilhar é outro. O caminho da procura de solução – sei bem que é uma frase gasta. Mas o que o cidadão exige é que a sua qualidade de vida melhore e que o próprio seja cidadão ativo nessa escolha. Podemos derivar para as exceções, mas mais uma vez a forma não é a da divisão mas sim a de conjunto. Ao longo da primeira legislatura caracterizada por crispação e fomentada no debate pelo ataque pessoal, promove (ainda mais) a desvalorização dos deputados, o seu papel na Democracia e na Autonomia Açoriana. A crispação é claramente uma união disfarçada da oposição para descredibilizar o Partido Socialista que governa a região desde 1996. Essa “coligação” não foi a votos em outubro de 2016. A continuar esta “coligação” a Autonomia de hoje depara-se com o desafio de permanecer (ou não) como Autonomia do futuro. A última ação da “coligação”, a da “suspensão” da presença dos seus deputados da Comissão de Economia, não é justificável. Não há “crise” nenhuma que justifique a “suspensão” de poderes democráticos e autonómicos. O que foi a votos e o exigível é o concretizar de soluções para os problemas existentes e o procurar de novas políticas para o desenvolvimento dos Açores, face aos desafios constantes, não de hoje, mas de ontem. O Partido Socialista neste 1⁄4 de mandato viabilizou propostas suas, do PCP, do PPM, do BE, do CDS-PP, do PSD e do Governo. O Partido Socialista não é o governo e o governo não é o Partido Socialista. A este propósito e com o respeito que a comunicação social me merece, pelo seu esforço máximo com o mínimo de meios, era útil para os cidadãos que a posição do Partido Socialista fosse sempre apresentada tal como é a dos outros partidos e não se confinasse unicamente à posição do Governo. A comunicação social tem, também, papel construtivo numa sociedade plural e democrática. O atual nível primário da discussão parlamentar que se afasta do debate e procura da solução, do argumentário político competente está a ser questionado na nossa sociedade. A pergunta O que esperam de nós? Não é a correta, à priori sabemos a resposta (ou deveríamos saber) a partir do momento do aceitar do integrar uma lista ou liderá-la, mas sim, com 3⁄4 de legislatura por cumprir estamos dispostos a dignificar a Casa da Autonomia, desta forma dignificando os Açorianos?