Opinião

O Nosso 25 de abril sem fronteiras

O 25 de abril de 1974, símbolo de uma revolução tranquila , exemplo para muitos Estados, e que hoje, passados 43 anos, comemora-se em clima de agitação nos países próximos de Portugal, seja pela resposta ao destino de vida de portugueses ou por relações comerciais. É muito mais que curiosidade que a própria disposição da assembleia da república herde muito da disposição política originária da casa da república francesa e nos princípios de Liberdade, Fraternidade e Igualdade da revolução francesa, estão em par com os princípios da revolução portuguesa, Descolonização, Democracia e Desenvolvimento. Por muito que se viva o “Espírito de Abril” num Portugal Europeu, poucos poderão ser indiferente às mensagens de “ França para os Franceses” e “França europeia”, em que nenhuma foi conclusiva, mantendo a dúvida – perigosa - à porta, mas com uma certeza, terminou a dança entre partidos tradicionais na França, no passado domingo. Um liberal de centro e a extrema direita, estão na segunda volta. Há uma derrota moral para a esquerda. Há a derrota do PS. Há uma negação a quem não foi capaz de resolver os problemas dos franceses e que mantém uma relação com a Alemanha pouco apreciada. A negação a Hollande e a abertura a outros adversários políticos, no caso de Le PEn, considerada uma “inimiga da república”. Macron vencerá a 7 de maio de 2017, mas terá que resolver os problemas dos franceses, desde logo os económicos (desemprego), talvez muito antes que a segurança – veja-se a não influência eleitoral do ataque a Paris na semana passada. Caso não, o cenário político mantendo-se, das duas uma: Ou não se recandidatará em 2022 ou ganhará a extrema direita. O Nosso 25 de abril de 2022 também será diferente. Após o Brexit e a eleição de Donald Trump, são factos que marcam o Portugal Europeu, que marcam o Nosso dia da liberdade. Há sinais demasiadamente parecidos. Houve uma necessidade de “radical” mudança. Em prismas muito diferentes, todos têm na sua base a insatisfação. Das condições de vida dos povos, ditos, naturais, dos povos naturalizados e a perceção da relação do seu país para com o exterior. A necessidade da segunda volta em França, o Brexit e Donald Trump, têm um ponto simples em comum: os cidadãos sentem que os seus problemas não são resolvidos. Essa responsabilização é dos atores políticos do país, no seu relacionamento com a União Europeia e na política internacional.