Opinião

O Imigrante

Os partidos políticos nos Açores estão a concluir a formação da suas listas de candidatos a deputados com vista à próximas eleições legislativas regionais, que se realizarão no próximo dia 16 de Outubro. Nesse dia os açorianos serão chamados às urnas para escolher, diretamente, o partido da sua preferência e, indiretamente, a personalidade da sua confiança para chefiar o governo da Região nos próximos quatro anos, até 2020 – salvo razões absolutamente extraordinárias que impeçam o cumprimento do mandato. Na prática os candidatos assumidos à presidência do Governo Regional dos Açores são o actual presidente Vasco Cordeiro, candidato pelo PS, e o actual deputado Duarte Freitas, proposto pelo PSD. Vasco Cordeiro encabeça a lista pela Ilha de São Miguel, a terra onde nasceu, cresceu e reside. O candidato à presidência proposto pelo PSD é natural do Pico, a Ilha onde sempre residiu e pela qual foi candidato quando concorreu a deputado regional. Uma das novidades das listas de candidatos do PSD às próximas eleições regionais é o facto de Duarte Freitas abandonar a sua ilha do Pico e candidatar-se pelo círculo eleitoral de São Miguel. O PSD costumava defender, e com razão, que todos os açorianos tinham os mesmos direitos e o mesmo estatuto independentemente da sua ilha de origem – um conceito fundacional da Autonomia. Para o actual PSD um candidato a presidente do Governo tem de viver na ilha mais populosa dos Açores, é uma curiosa reinterpretação do mais anacrónico dos bairrismos. Um candidato a presidente do Governo tem de reunir um conjunto de atributos pessoais e de qualidades políticas independentemente de ser natural do Corvo, da Graciosa, do Pico ou de qualquer outra ilha da Região. Este é um dos ideais da Autonomia, o sucesso depende do trabalho e do mérito e não da origem geográfica ou familiar. Duarte Freitas é um cidadão do Mundo que seria bem recebido em qualquer ilha dos Açores. Porém, a sua candidatura por São Miguel cria mais um retrocesso e mais uma incoerência incompreensível. 40 anos depois da instauração da Autonomia não faz qualquer sentido Freitas apresentar-se como um imigrante político em São Miguel.