Opinião

A longa greve

O braço de ferro que dura há quatro anos entre estivadores e operadores não parece perto do fim. As sucessivas greves que aqueles tem feito tem surtido efeitos prejudiciais para a economia dum país como o nosso. No que toca à economia de regiões como os Açores e a Madeira mais ainda. A tensão criada não parece esmorecer. Pelo contrário, o anúncio por parte dos operadores de um despedimento coletivo só serviu para acirrar mais ainda os exaltados ânimos. Deveria ter havido outra cautela. Mas, a gestão desta situação traz sempre excessos. Este é necessariamente um deles. Por um lado, porque os despedimentos coletivos não se anunciam, se se podem fazer, fazem-se apenas. Depois porque o que se ganhou foi a extensão da greve até 16 de junho. Uma greve que dura, recorde-se, desde 20 de abril. Ora, para os Açores isto traz, necessariamente, grandes prejuízos. E muitas perturbações a todos os setores de atividade, do comércio à agricultura. Até agora, os serviços mínimos estão a ser cumpridos, aliás em melhores condições do que na greve de há dois anos atrás, implicando agora a vinda de dois navios de mercadorias, de cinco em cinco dias, destinados aos Açores, e ainda a movimentação de cargas prioritárias destinadas à Região. Ninguém, a não ser os interessados, pode evitar que a greve se verifique, apenas se podem e devem minimizar os danos colaterais que uma greve, com estas características e duração, necessariamente produz. E o que se deve exigir é que estes serviços mínimos sejam cumpridos integralmente, atenuando os efeitos que são, inevitavelmente, nefastos duma decisão destas. A essência da greve é causar um determinado prejuízo, os seus propósitos só se cumprem se este se efetivar. No nosso caso, a distância e a dependência quase total do transporte marítimo exacerbam estes fatores. Resta ao Governo Regional acompanhar ao minuto esta situação e mitigar os seus efeitos nefastos.