Opinião

Nada disto acontece por acaso

Vivemos tempos empolgantes. No passado mês de agosto, as unidades hoteleiras da Região registaram quase 200 mil dormidas, um aumento de 7,7% face a agosto de 2014. O crescimento das dormidas foi acompanhado de um aumento de quase 15%, traduzindo-se em proveitos na ordem dos 9,2 milhões de euros. Podia arguir-se que estes números resultam apenas da liberalização do espaço aéreo, que permitiu a entrada de outras companhias aéreas na Região. É verdade que este foi, sem dúvida, um marco muito importante da presente legislatura, nos Açores. Talvez seja mesmo uma das maiores marcas distintivas do primeiro mandato de Vasco Cordeiro. Quando a crise internacional se começava a desenhar em 2008, com origem na falência do Lehman Brothers e na crise imobiliária nos EUA, que mais tarde viria a contagiar toda a Europa, Carlos César foi perentório ao afirmar que, nos Açores, a “crise chegaria mais tarde e partiria mais cedo”. E assim foi, em grande parte devido ao empenho do Governo dos Açores que, confrontado com uma conjuntura internacional e nacional muito adversa, fez jus à sua orientação socialista, apostando no investimento e no crescimento económico, sem desmerecer as questões sociais. Os Açores estão na moda. Somos divulgados através de companhias aéreas, de anúncios televisivos dos nossos produtos lácteos, somos cenário de telenovelas no prime-time dos principais canais televisivos nacionais. Tudo isto tem retorno. Entre Janeiro e Agosto de 2015, a Região recebeu 367 mil turistas portugueses e sensivelmente 523 mil turistas estrangeiros, de diversas origens, mas com predominância na Alemanha, Espanha, Holanda e Estados Unidos da América. O turismo cresce em praticamente todas as ilhas. Uma peça fundamental para o crescimento homogéneo é a mobilidade interna, que está a ser trabalhada na sua vertente aérea e marítima. Ainda recentemente, o executivo regional estabeleceu novas Obrigações de Serviço Público para o transporte aéreo interilhas, reduzindo as tarifas em 20% e estabelecendo como preço máximo 120 euros, reforçando ao mesmo tempo as ligações. Nos transportes marítimos, a aquisição dos barcos ‘Gilberto Mariano’ e ‘Mestre Simão’ elevou a fasquia da qualidade e melhorou muito a mobilidade no Grupo Central facilitando, a par do investimento em rampas ‘roll on-roll off’ nos portos dos Açores, o transporte de viaturas e da carga rodada. A breve trecho, também se prevê que o transporte marítimo de passageiros e viaturas nos Açores passe a ser estipulado por OSP. Isto trará maior fiabilidade, regularidade, rapidez, conforto e eficiência ao sistema. Nos próximos anos, prevê-se que a Região dê um outro salto qualitativo, com a aquisição de dois novos barcos de 115 metros, capazes de navegar a 25 nós e com capacidade para 650 pessoas e 150 viaturas. Na posse destes navios, os Açores serão - talvez - dos arquipélagos mais bem fornecidos em transportes, a nível mundial. É inegável que a Região, no que ao turismo diz respeito, tem apostado numa estratégia de crescimento sustentado. No passado domingo, a Região bateu o seu recorde de escalas de cruzeiros, quando as Portas do Mar receberam a 123.ª escala de 2015. Até então, o melhor ano foi 2012, com 122 escalas. Mas até ao fim de 2015 estão agendadas mais 17 escalas. Isto quer dizer que, na prática, este ano já chegaram à Região pela via dos cruzeiros mais de 88 mil pessoas. Os críticos de circunstância existirão sempre. Mas até estas vozes terão de aceitar o seguinte: é que nada disto acontece por acaso.