Opinião

Antes e depois

Passos e Portas sofrem de amnésia parcial e não se encontram consigo todos os dias. Em 2010 Passos dizia que a receita não era aumentar impostos. Em 2011 foi o que fez. Em 2010 disse que nunca faria cortes nas pensões, em 2011 cortou nas pensões de forma abrupta. Em 2010 disse que não podiam ser sempre os que cumpriam a pagar a crise. Em 2011 colocou um garrote aos salários e aos rendimentos que auferiam. Em 2010 afirmou que nunca desferiria ataques à classe média para cumprir compromissos externos. Em 2011 atirou a matar à classe média, empobrecendo-a e dizimando-a. Em 2010 disse que uma política de privatização que incidisse nos principais ativos do país seria criminosa. Nos últimos quatro anos transformou-se num criminoso. Em 2010 disse que o governo não podia fazer as pessoas pagarem com aquilo que não tinham. Desde 2011 que obriga os portugueses a darem o que não têm para dar. Em 2010 disse que jamais cortaria salários e subsídios aos portugueses. Em 2011, apesar de não constar no memorando negociado com a troika, cortou ambos. Em 2010 disse que a receita não podia ser tratar os portugueses à bruta. Desde 2011 que poderia ser considerado um caso de violência pública extrema. No campeonato da coerência política temos, porém, o adversário Paulo Portas que ameaça a vitória de Pedro. Em 1993 dizia ter asco ao poder, que desde então tem revelado sérias dificuldades em largar. Em 2013 disse que a sua decisão de abandonar o governo era irrevogável e parece que ainda hoje lá está. Disse que o CDS era o partido dos pensionistas, mas fechou os olhos quando PPC desferiu o golpe nas pensões. Da coerência destes dois portugueses não é preciso falar, basta sentir. E o que sentimos é que, apesar de todos os brutais sacrifícios exigidos aos portugueses, o défice, diz o INE,não melhorou, está igual ao de 2011. Só que agora já não somos só endividados, somos muito mais pobres também.