Opinião

Precaver o Futuro

A economia do mar terá um peso cada vez maior no futuro da nossa Região. Para além da enorme importância que a indústria da pesca tem na nossa economia, pequenas empresas privadas têm tido a capacidade de inovar e criar empregos e riqueza em torno de atividades como a observação de cetáceos, a pesca grossa de alto mar, o mergulho, o mergulho para observação de tubarões e jamantas, a colheita e exportação de peixes vivos para a indústria da aquarofilia de água salgada, entre muitos outros. Porém, é precisamente no domínio mais amplo da economia do mar que o Estado Português tem um papel central a desempenhar. É necessário recuperar de muitos anos de passividade e de falta de investimentos em projetos de ponta que permitam preparar o País para um futuro de imensas oportunidades. Todavia, a liderança natural do Estado não pode implicar a exclusão dos Açores desse futuro. No horizonte, avoluma-se uma enorme oportunidade ao nível das indústrias extrativas de diversos minerais no oceano profundo em torno do nosso arquipélago. Muito se tem especulado sobre o valor potencial que os fundos marinhos dos Açores poderão conter. Há algumas estimativas absolutamente fabulosas, na casa das dezenas de milhares de milhões de euros. Do ponto de vista dos Açores, há dois fatores a ter em conta quanto a esse futuro. O primeiro é tecnológico. Com o estado atual de desenvolvimento da extração de minérios em oceano profundo - ou de elementos biológicos - dificilmente essas operações serão rentáveis na próxima década. Todavia, é necessário a Região acautelar aspetos políticos fundamentais, o que nos leva ao segundo fator. Hoje é indiscutível que a nossa Região está envolvida numa batalha política em torno dos benefícios futuros provenientes da exploração dos nossos fundos marinhos, quando essa atividade for rentável e se tornar uma realidade. O atual Governo da República do PSD e CDS não quer aceitar a gestão partilhada do oceano profundo em torno dos Açores. Há uma clara intenção do governo central em ficar com todos os direitos futuros sobre as riquezas do mar dos Açores. É também por esta razão que as próximas eleições nacionais são fundamentais para o futuro da nossa Região. É necessário derrotar os piratas do Século XXI e apoiar quem nos dá a certeza de defender os nossos legítimos interesses e de nos ajudar a precaver o nosso futuro.