Opinião

Truques gastos

Os anúncios sobre a Base das Lajes papagueados pelo deputado Duarte Freitas, quiçá combinado com a candidata do PSD Berta Cabral, não trouxeram nada de novo, a não ser leituras medrosas de sondagens sobre a Terceira e a vontade de ir à frente nos OCS. Neste caso não foi por o carro à frente dos bois, foi antes por os bois atrás do carro e, pior, colocar os bois a puxar o carro para trás. Isto significa, perante a ausência de respostas da república ao Governo Regional, falta de sentido institucional para quem é líder partidário e, sobretudo para quem tem responsabilidades governativas nacionais. Como sempre, maiores são as perdas do que os ganhos eleitorais, designadamente, quando todos sabem que dar uma notícia em primeiro lugar não significa ser o primeiro nas “audiências” eleitorais. Não pega o truque “fui eu”. Ao longo das últimas duas décadas, o PSD/Açores tem sido useiro e vezeiro a alimentar a esperança que o seu governo da república lhe pode fazer o trabalho nos Açores. Isso não tem acontecido por múltiplas razões, nomeadamente, porque o povo açoriano distingue atos eleitorais, distingue listas eleitorais e já compreendeu que governos da república do PSD sempre foram mais prejudiciais do que vantajosos para os Açores. Fazem-no com maus exemplos desde a falta de solidariedade com calamidades até ao estado de degradação a que deixam chegar os serviços do Estado na Região. Porém, se Freitas e Berta estivessem a trabalhar para os Açores, em vez de anúncios, conseguiam transfigurar positivamente os serviços do Estado na Região. Na verdade, é lamentável, penoso e irresponsável que não esteja resolvida a questão, sob a alçada de Berta Cabral, da falta de pilotos para os helicópteros da Força Aérea que prestam socorro às populações dos Açores. A falta de pessoal nas forças de segurança na Região é mais um daqueles maus exemplos com que o governo da república convive displicentemente. Que dizer, do último anúncio sobre o novo tarifário aéreo para a Madeira, senão a partidarização acintosa contra o povo açoriano que, por ser mais periférico, paga mais, num critério, ou melhor pela falta de critério e da noção da subsidiariedade, tanto reclamada pelo Estado junto da Europa. Melhor do que truques seria, por isso, ver os Açores a ganhar. A história recente diz-nos que para ganharmos, é sempre mais fácil com governos socialistas na república.