Opinião

A entrevista

Há sempre quem salve a honra do convento. A este propósito e na “RTP/a”, merece o encómio semanal o programa Prova das Nove. O mesmo jornalista que o coordena, preparou-se e teve êxito (afinal Einstein tinha razão quando dizia que o sucesso só vem antes do trabalho no dicionário) na condução inteligente da entrevista a Mota Amaral. Deste caso, muito já foi dito, porém, melhor do que ninguém o deputado Mota Amaral, na primeira pessoa, clarificou percursos da sua vida política e acutilantemente descarregou a cicuta que lhe deram a provar. Se dúvidas houvesse, tratou-se de uma revanche nacional apadrinhada ou subservientemente consentida pelo PSD de Freitas e Berta. É mais um caso de dupla renegação antes que “o galo cantasse”: Freitas sai do Parlamento Europeu pela mão de Berta que, em 2012, renega Passos para de seguida lhe pedir “asilo político”. É bem verdade que a vida interna dos partidos lhes pertence. Todavia, casos há que demonstram a putrefação política alicerçada nas imprudências das lideranças. Mais do que isso, a desconfiança do eleitorado açoriano é irreparável e justificada, numa lista que nem é aceite no interior de um partido. A dita renovação da lista do PSD/Açores é afinal um embuste político sem “lustre nem glória”. O descrédito nesta oposição é o corolário de uma liderança fragilizada e acossada na ilha do Arcanjo. Esqueceu-se Freitas da sentença “os homens matam-se ou animam-se”. Os “feridos pelo caminho” soerguem-se no momento oportuno... A entrevista a Mota Amaral revelou mais uma vez que a dignidade ofendida não se indemniza, nem mesmo com a ressuscitação da figura de Presidente dos Açores. Afinal esta entrevista acabou por constituir um proémio biográfico com desfecho ou epílogo previsíveis. Os Açores felizmente que têm no PS uma alternativa de confiança e sobretudo os açorianos sabem que estarão defendidos e protegidos do centralismo com quem sempre colocou a Região em primeiro lugar. O PS/Açores garante mais uma vez uma voz e um discurso na República com Carlos César a liderar uma lista açoriana. Um projeto como coração nas nove ilhas. A mudança de governo em Portugal continental passa, por isso, pela força dos Açores e por todos quantos têm e continuam com os Açores no coração. PS: Mais - o visível aumento de turistas; Menos- a inércia da autarquia de Ponta Delgada que mais se assemelha a uma “repartição de protocolos”…