Opinião

Que se mantenha o Éden

1. «Considerada por muitos como um dos lugares mais deslumbrantes do planeta, os Açores são um Éden no meio do Atlântico. […] Com uma fauna e flora riquíssimas e paisagens de perder a respiração, esta joia da coroa portuguesa vê-se agora distinguida com o título de “Destino Turístico Mais Sustentável do Mundo”» - do Blogwww.lugaraosol.pt. “Os Açores foram eleitos como o destino turístico mais sustentável do mundo pela plataforma internacional Green Destinations. O ranking global dos 100 destinos mais sustentáveis foi publicado este ano [2014] pela primeira vez e tem como objetivo distinguir os esforços ambientais das várias regiões avaliadas. O arquipélago conseguiu uma pontuação total de 8,9 em 10, que reflete os resultados de vários critérios divididos em categorias como Natureza, Qualidade Ambiental, Cultura, Economia Verde, Bem-estar Social e Políticas Ambientais.” – do site greensavers.sapo.pt. Estes é apenas um exemplo dos imensos reconhecimentos que as nossas ilhas têm recebido, muitos deles a nível internacional. Somos o primeiro destino QualityCoast Platina, um título que mais nenhuma outra região no mundo detém. Somos reconhecidos internacionalmente pelo turismo sustentável e pela capacidade de preservar aquilo que nos é tão característico: a Natureza, a fauna e a flora. Toda e qualquer política ambiental, toda e qualquer medida a implementar tem obrigatoriamente que salvaguardar a posição que os Açores detêm como destino de turismo ambiental, como destino “limpo”. Somos nove ilhas, não somos nem uma, nem três. Não devemos manchar a nossa imagem com qualquer outra cor que não seja o verde. Não podemos de modo algum correr o risco de perder toda uma imagem que tanto trabalho deu a todos os açorianos a construir e que posiciona os Açores, hoje, no patamar mais elevado do reconhecimento a nível internacional. 2. É sempre gratificante ver os açorianos a desenvolver iniciativas em prol da sua terra e das suas comunidades. Fazendo jus a este espírito, foi recentemente apresentado o Manifesto 21, da autoria de um grupo de habitantes da ilha Terceira, sendo um excelente exemplo de proatividade. Louvo a iniciativa. O documento é representativo da determinação com que os terceirenses estão a encarar a redução do efetivo americano na Base das Lajes, da qual também é imagem a recente manifestação que organizaram a protestar aquela medida. Para além dos próprios habitantes da ilha Terceira, é também crucial a solidariedade de todos os açorianos na construção de medidas que mitiguem os efeitos daquela decisão. O Plano de Revitalização aprovado pelo Conselho de Governo tem essa intenção. É um mecanismo valioso para a sustentabilidade da Terceira e do seu tecido económico, com um conjunto de medidas sólidas e perfeitamente enquadradas nas necessidades que se irão gerar na ilha. Estamos perante uma situação excecional que deve ser encarada com a postura de nunca baixar os braços que tão bem caracteriza os açorianos. A situação da Base das Lajes é um assunto que merece ser tratado com urgência, com a concentração necessária, e que deve merecer o respeito de ser encarado como verdadeiro problema que é e não como justificação para o chamamento à colação de outras questões que, não sendo de modo algum secundárias, se queira fazer crer, por alguns, que fazem parte da solução, como que a passar pelos pingos da chuva.