Opinião

Cortar nas gorduras

Longe vão os tempos em que gordura era formosura. Hoje, está na moda, a propósito de tudo e de nada fazer um ataque cerrado á adiposidade quer seja das senhoras mais ou menos jovens, quer seja das despesas de funcionamento de entidades e instituições. Independentemente da maleita que possa afectar a anafadinha senhora ou a gestão do governo, seja ele central, regional ou autárquico, a mezinha em voga e tida agora como única e eficaz, é sempre a mesma: - Corte-se nas gorduras! Pelo facto de não termos nascido e crescido em lagares de azeite – gordura vegetal que segundo alguns, não é prejudicial à saúde – sempre nos habituamos a ser poupadinhos e a evitar os gastos supérfluos sem abdicar contudo, quando o orçamento o permite, de cometer esse ou aquele pecado. Assim agem a maioria das famílias, assim se devem comportar os governos nos diversos níveis do poder. Mas, para falar verdade, e aqui que ninguém nos ouve, já estou a ficar com o estomago embrulhado de tanto ouvir falar no corte de substâncias gordas e rançosas. Por cá, a moda também pegou e de que maneira! O PSD de Berta Cabral, aproveitando a onda, também enche a boca com a necessidade de haver cortes no orçamento regional, propondo reduções ínfimas e sem sentido no contexto da globalidade do montante estimado pelo Governo dos Açores para 2012. Com a proposta redução de 0,2% no orçamento, o PSD está a afirmar que está de acordo com 99,8% do proposto pelo governo de Carlos César. As preocupações dos laranjas açorianos estão centradas na redução dos gastos em viagens, telemóveis, anúncios! Certamente fizeram um enorme esforço para conseguirem indicar aonde se poderá cortar gordura, pois apenas referem um montante residual! O PSD que se julga sempre tão bem informado, já deveria saber, por exemplo que houve uma determinação do governo para se conseguir uma redução de mais de 30% nas comunicações móveis. Não foi preciso, aliás como sempre, os alvitres laranja para que sejam tomadas as medidas achadas necessárias e exequíveis para conter gastos. Pelo lado do PSD e da sua líder, assiste-se ao velho e já habitual discurso da “Olívia Costureira” e da “Olívia Patroa”! Berta Cabral, enquanto ainda líder do PSD, advoga o corte nas gorduras, o corte na publicidade, o corte nas viagens, muito embora, apenas pelo que nos é dado a conhecer pelos órgãos de comunicação social, possamos verificar que nos últimos tempos passa muito mais tempo a voar de ilha em ilha, de continente em continente do que o que despende com a função para a qual é paga com os nossos impostos, ou seja presidir à Câmara Municipal de Ponta Delgada. Enquanto presidente da Câmara em part-time, Berta Cabral não se preocupa minimamente com o corte no tecido adiposo da gestão que leva a efeito em Ponta Delgada. Como cidadão deste concelho que era dito de feliz, gostaria de questionar, por exemplo: Quantas pessoas acompanharam a senhora Presidente à América para receber um prémio? Será verdade que, para tirar retratos à Dr.ª Berta, deslocou-se, de propósito à América um fotógrafo de S. Miguel? Será que não existe, dentro ou fora da comunidade açoriana daquele país, um profissional à altura que pudesse fotografar a nossa presidente da Câmara? Quanto terá custado tal deslocação aos cofres do município? Só aí, se podiam cortar uns quilos de gordura. Regressada das américas, há que publicar nos jornais, numa página inteira de duvidosas cores, sob o título de “Dito e Feito” as imagens da viagem da senhora presidente aos States. A referida página que deveria servir para dar conhecimento da obra feita pela edilidade, apenas serve para fazer propaganda e promoção pessoal da líder do PSD. Neste último mandato de Berta Cabral, efectivamente, muito foi dito e pouco ou nada foi feito. Uma vez mais perguntamos:- Quanto custou aos bolsos dos contribuintes essa operação de marketing político? Mais uns potes de gordura, que poderiam ter sido cortados! Se esses e outros desnecessários gastos fossem evitados, certamente e apenas a título de exemplo, os Bombeiros de Ponta Delgada, não veriam uma redução no apoio concedido pela Câmara, na ordem dos 60%. Se as gorduras incendiarem, não há bombeiros que as afogueiam! E se estamos na hora do almoço ou do jantar… não marchariam uns gordurentos torresminhos brancos ou um cozido com uma nica de toucinho?