Opinião

Dito e (Des)Feito

O Fantasma da Ópera é uma obra magistral do francês Gaston Lecrox. A adaptação ao cinema gerou dezenas de filmes. Um musical na Brodway, reproduzido nos quatro cantos do planeta, tornou-o na personagem fantasmagórica mais conhecida do Mundo. Até os Iron Maiden o consagraram no Heavy Metal. Na trama, todos sabem da existência do Fantasma, mas ninguém conhece nem onde, nem quando, voltará a surgir. Descontadas as proporções, a página publicitária que a Câmara Municipal de Ponta Delgada publica na imprensa de São Miguel, sob o título “Dito e Feito”, assume um carácter semelhante ao do Fantasma. Monocromáticas ou a cores as certezas são poucas. Sabemos que existe mas ninguém sabe quando será publicada e nunca se vislumbra um conteúdo informativo relevante que justifique a despesa. Em época de cortes e austeridade, publicar uma página inteira a cores dando conta de uma tournée americana da presidente de Ponta Delgada é um exemplo do que não deve ser feito. É errado e injustificável. A última edição do “Dito e Feito” é o cúmulo da contradição e da incoerência de Berta Cabral, presidente do PSD-A e, em part-time, presidente da Câmara de Ponta Delgada. A primeira quer cortar nos gastos “supérfluos” do Governo, enfatizando o exemplo da publicidade. A segunda continua a gastar à grande, especialmente em propaganda disfarçada de publicidade. Porém, o melhor exemplo é a Revista “Onda”, publicada mensalmente pela CMPD com uma tiragem de 3.000 exemplares com, em média, doze páginas e 36 fotos da presidente. De interesse público tem três números de telefone, dois emails e um site - de conteúdo que justifique o custo tem zero. Apetece perguntar qual das duas personagens deve ser levada a sério: a presidente da Câmara de Ponta Delgada ou a presidente do PSD-Açores? Mas a resposta é evidente: nenhuma!