Opinião

Líder laranja ataca a Autonomia

Segundo a edição on-line de 27 do corrente do semanário Expresso, em notícia da agência Lusa, o líder do PSD/Porto, Virgílio Macedo, acusou o executivo de Pedro Passos Coelho de ter "tiques de centralização de competências", usando o "argumento da racionalização". "Embora possam existir argumentos que levem a que este não seja o tempo certo para se iniciar um processo de regionalização, certamente também não é este o tempo de com o argumento da racionalização de custos se iniciar um processo de centralização", afirmou o social-democrata durante a Assembleia Distrital do PSD/Porto que decorreu esta noite. Virgílio Macedo lembrou mesmo que "nas últimas semanas foram anunciadas algumas medidas de reorganização administrativa em estruturas centralizadas que podem ser um sinal da existência de tiques governativos de centralização de competências, os quais terão a minha maior oposição". Não deixa de ser interessante constatar que, mesmo dentro do PSD, se comecem a ouvir vozes a denunciar os “tiques de centralização” do governo de Passos Coelho. É natural que o líder laranja do norte defenda a regionalização como forma de descentralização do poder e facilitação do desenvolvimento local e regional. Nós também achamos que quanto maior for a autonomia tanto maiores serão as hipóteses de progresso económico, político e social de um povo e de uma região. Mas… há sempre um mas… é este mesmo senhor deputado do PSD de Passos Coelho e Berta Cabral que há dias tomou posse do cargo de líder do PSD do Porto e desferiu um ataque feroz às autonomias na Assembleia Distrital do laranjal nortenho. Aquele senhor deputado, economista e alto dirigente partidário considerou inaceitável o facto de nas regiões autónomas serem praticadas taxas reduzidas de IRS,IRC e IVA. Perante tais considerações e tamanha ignorância acerca do poder autonómico, nem ao menos nos damos ao trabalho de refutar aquela opinião que certamente reflecte o espírito centralista que domina um número significativo dos actuais detentores do poder na república. Outra afirmação de sua excelência o senhor deputado foi do seguinte teor e cito: “Pasme-se! É mais barato a um madeirense ir do Funchal a Lisboa de avião do que qualquer um de nós ir de carro para Lisboa. Isto, na minha opinião, é inaceitável!” Esqueceu-se o douto senhor deputado social-democrata, ou certamente não saberá, que para se ir da Madeira ou dos Açores até Lisboa só existe um meio de transporte – o avião. Em contrapartida, sua excelência, o iluminado líder laranja, se pode deslocar do Porto a Lisboa, para além do avião, pode utilizar os transportes públicos – autocarro, comboio ou até mesmo um táxi – ou a sua viatura particular. Nós, açorianos, se não formos de avião… resta-nos arregaçar as calças e ir a pé! Aliás, não sei se foi real ou faz parte do anedotário que dá conta da ignorância continental acerca do que é viver em ilhas, mais precisamente nos Açores, por alturas da segunda guerra mundial os comandos do exército português, terão ordenado a deslocação de uma companhia, por via ordinária – o que significa a pé – de S. Miguel para a Terceira! Passadas sete décadas, infelizmente, continuamos a assistir a declarações de altos responsáveis políticos que denotam um total desconhecimento da realidade dos arquipélagos portugueses. Quanto á declarações de que se necessitarmos de um plano de reequilíbrio financeiro, as populações deveriam fazer os mesmos sacrifícios do que a população de Portugal continental, saiba o senhor deputado do partido de Berta Cabral e Passos Coelho, que os Açores, nos últimos 15 anos têm sido muito bem administrados pelo governo socialista liderado por Carlos César e que em nada temos contribuído para o desequilíbrio das contas da República. Tal facto não impede que estejamos a sofrer as consequências, nomeadamente com os cortes salariais e redução das prestações sociais. Quanto à peregrina e centralista ideia laranja de passarmos a pagar portagens nas estradas regionais com características de auto-estradas, como dizia um excelente humorista brasileiro: - Aí vai a minha gargalhada de desprezo! Ah… ah… ah…!